Vivência sobre ser torcedora x violência
Assediada e agredida a caminho de uma partida no estádio em São Paulo, Lay conta sua experiência.
Por LAY | Copa FemiNINJA
“Eu estava no trem sentido Itapevi, quando sete torcedores do Corinthians, de uma das torcidas organizadas sentaram e habitaram ali, do meu lado. Percebi que era algo pessoal quando um deles aproveitava do balanço do trem para desequilibrar o seu corpo e jogá-lo para cima de mim que estava sentada logo ali, bem na frente daquele homem cheio de repulsa e ódio contra a cor verde. Era o primeiro dia que uma garota fashion, preta e periférica como eu, pintava o cabelo de alguma cor depois de sair da adolescência, agora madura, me recordei da época do colegial, onde durante um ano mais ou menos investi tempo e dinheiro indo para estádios, agredindo outros times e sendo agredida pela torcida racista, machista e misógina do Palmeiras. A violência é gratuita e vai muito além de um problema pessoal, ele é social e atinge pessoas de classe baixa, capazes de matar em nome de um time. No final o cara queria me testar tive que me impor e mostrar pra ele que eu não estava ali vulnerável e disponível para ataques, e assim, em pleno século XXI uma mulher negra de cabelo verde corre os riscos de ser agredida a qualquer momento porque todas as pessoas normativas que me viram com esse cabelo sendo torcedor ou não me disseram: PALMEIRAS!? …. Juro, isso é horrível. Apenas parem.”