Dois Joãos e um mesmo conto
Ator argentino é acusado de estupro por atrizes de seu país, e se refugia no Brasil para evitar a Justiça e revolta das mulheres da Argentina.
Por Coletivo Passarinho
Nas últimas semanas, a televisão e as redes sociais da Argentina foram tomadas pela repercussão de uma denúncia de estupro de uma jovem atriz contra um dos mais renomados atores de novelas e séries nacionais.
Juan Darthés estuprou Thelma Fardín durante a turnê nicaraguense da “Patito Feo: El Show más lindo”, programa de televisão e peça de teatro infantil produzido por Tinelli. À época, Fardín tinha 16 anos e Darthés, 45.
Fardin fez a denúncia legal por abuso sexual de menor depois que a também atriz Calu Rivero o fez publicamente. As denúncias foram respaldadas e apoiadas pelo coletivo Actrizes Argentinas e a repercussão levou a novas denúncias contra Darthés por parte de outras atrizes, entre elas Anita Coacci e Natalia Juncos, além de uma técnica de som.
O episódio rapidamente deu origem ao movimento #Mirácómonosponemos (“Olha como a gente fica”), já comparado ao #MeToo estadunidense. A frase faz alusão às palavras ditas pelo ator a Thelma Fardín no momento do estupro: “Mirá cómo me ponés” (“Olha como você me deixa”), enquanto a obrigava a tocar seu órgão genital.
Com o desenrolar dos fatos e a midiatização da história, Darthés foi abandonado por seus advogados Fernand Burlando e Ana Rosenfeld. Depois de se declarar inocente publicamente, ele decidiu se esconder em São Paulo, sua cidade natal, enquanto espera as consequências do processo penal movido na Nicarágua.
Convocamos o apoio da militância brasileira para apoiar as vítimas e fazer frente a abusadores como Juan Darthés e João de Deus, que utilizam sua autoridade e o amparo de uma estrutura patriarcal para violentar mulheres e crianças sistematicamente.
Às vítimas desses e de outros abusadores, nossa solidariedade, e aos abusadores, que fique bem claro que também não são bem-vindos no Brasil. #OlhaComoAGenteFica #MiráCómoNosPonemos