ELLA: Mais de 3 mil mulheres foram até La Plata debater os feminismos na América Latina
Entre os dias 7 e 10 de dezembro, a cidade de La Plata, na Argentina, foi cenário de uma luta continental para reafirmar: a maré feminista é imparável.
Entre os dias 7 e 10 de dezembro, a Facultad de Humanidades y Ciencias de la Educación de la UNLP, na cidade de La Plata, Argentina, foi cenário de uma luta continental para reafirmar: a maré feminista é imparável e que não iremos voltar atrás.
A quarta edição do Encontro Latinoamericano de Feminismos reuniu lésbicas, travestis, trans, negras, brancas, indígenas, mestiças, camponesas, urbanas, faveladas, prostitutas, gordas, magras, deficientes, não bináries, católicas e muçulmanas de diferentes partes da América Latina e do Caribe.
ELLA é um encontro realizado em colaboração desde 2014 em diferentes países, buscando articular e empoderar através da troca de experiências, a visibilidade das várias lutas feministas e o fortalecimento do tecido social.
Realizado por muitas mãos de uma diversidade de mulheres, este ano, a organização ficou por conta de Emergentes, Ni Una Menos, Cultura de Red, Comunes, Direção de Políticas de Genero da Universidade Nacional de La Plata.
A cobertura colaborativa registrou milhares de vozes, cores, linguagens e corpos diversos.
Mulheres de 27 países vieram para o ELLA mostrar que juntas são mais fortes, e se mobilizaram para chegar até a Argentina: algumas organizaram caravanas de ônibus como foi o caso do Brasil e do Uruguai. O Brasil levou duas caravanas, das regiões Sudeste e Centro-Oeste. O Uruguai saiu de Montevidéu. Bolívia e Venezuela também levaram suas delegações, arrecadando passagens de financiadores e parceiros locais para chegar até La Plata.
O Acampamento Feminista recebeu mais de 400 mulheres.
Arrancamos!
Na abertura, violências contra as mulheres foram lembradas com a presença de Marta Monteiro, mãe de Lucía Perez, e Martha Ramallo, mãe de Johana Ramallo, desaparecida há mais de 1 ano. Diana Sacayán, uma das principais ativistas do movimento de direitos humanos e da luta por reconhecimento e inclusão social de travesti na Argentina, também foi lembrada, marcando o primeiro travesticídio reconhecido pela justiça.
A abertura também contou com a presença de duas lideranças importantes: Manuela D’ávila (BRA), Deputada, foi candidata à vice-presidência nas últimas eleições do Brasil e defensora dos direitos das mulheres, e Estela de Carlotto (ARG), presidenta da associação Abuelas de Plaza e Mayo.
A revolução não será feminista se não for negra
Mulheres negras estiveram presentes no ELLA para mostrar que vão ocupar os espaços, vão pautar a luta antirracista e levar o feminismo negro para todos os países. Mulheres negras são feministas desde antes do feminismo, e reforçaram essa mensagem no ELLA.
Que comece o traviarcado!
Em 19 de outubro deste ano, o parlamento uruguaio aprovou a Lei Integral para as Pessoas Trans 19.488. Um avanço uruguaio e latino-americano para os corpos dissidentes. ELLA também é trans e travesti!
SERÁ LEI: Aborto legal, seguro e gratuito para toda a América Latina!
A maré verde que acumulou corpos e vontades massivamente bloqueando as ruas em torno do Congresso argentino onde o aborto legal foi discutido, foi um dos maiores motivos da realização do ELLA na Argentina.
Ni Una Menos
Como uma senha internacional contra a violência machista e patriarcal, para enfrentar o fascismo e o neoliberalismo, para impedir o avanço dos fundamentalismos religiosos. Juntas somas poderosas. Por nenhuma vida das mulheres a menos.
Por um Parlamento Feminista
Um parlamento não existe sem movimentos sociais. Parlamentares e lideranças de movimentos se reuniram para debater a construção de uma rede mista de direitos das mulheres.
Trabalho sexual também é trabalho
As trabalhadoras sexuais também marcaram presença no ELLA 2018, para desmistificar o trabalho de prostitutas, putativistas e putasfeministas. A criação de uma lei que regule o trabalho sexual é necessária. Representantes da Associação de Mulheres Meretrizes da Argentina – A.M.M.A.R trouxeram esse debate para ao encontro junto com outras trabalhadoras sexuais de outros países como Amara Moira e Monique Prada do Brasil.
Revolução GGG: Mulheres gordas presentes
A gordofobia não é brincadeira! No ELLA também debatemos a construção de um feminismo que aceite e celebre o corpo gordo.
Por todo corpo gordo livre!
Precisamos debater o feminismo das mulheres indígenas e suas demandas
Atualmente, o feminismo indígena está bem mais organizado e articulado do que se comparado às décadas anteriores, e também não é raro vermos mulheres indígenas liderando movimentos que falam não só sobre as questões específicas de gênero, mas sobre questões cruciais do movimento indígena como um todo. O ELLA recebeu a presença de uma diversidade de mulheres lideranças indígenas da América Latina para falar sobre suas lutas em torno do feminismo.
Não há feminismo sem acessibilidade
No ELLA também debatemos o que o feminismo precisa entender sobre as mulheres com deficiência.
A revolução será dançada
A festa como método de ativismo. Ser feliz também é um ato revolucionário, porque gostamos de desfrutar do que fazemos. Construímos a partir do desejo e geramos o desejo de revolução.
E que venha o ELLA 2019!