Após eleição, Brasil se une contra o fascismo
Mobilizações em todo o país marcam a semana após 1º turno; confira a agenda de atos
Com o resultado do primeiro turno das eleições e a vantagem de Jair Bolsonaro na votação, diversos setores progressistas e democráticos estão se mobilizando para lutar contra as ideias conservadoras e autoritárias do militar. De norte a sul do país, reuniões, debates, manifestações, intervenções e mais uma série de atividades vem acontecendo.
A maior delas aconteceu na noite de ontem, 10, na Avenida Paulista, em São Paulo, em que cerca de 5 mil pessoas marcharam no ato “Ditadura Nunca Mais”, que saiu do MASP e caminhou até a rua da Consolação, no centro da capital paulista.
Em Salvador, milhares se reuniram no Pelourinho e também marcharam contra o fascismo e em memória do mestre capoeirista Moa Katende, brutalmente assassinado após discordar de um seguidor de Bolsonaro, que covardemente o atacou pelas costas com 12 punhaladas.
O caso não é isolado. Dezenas de relatos de agressões físicas e mentais, e mesmo de assassinatos, foram registrados nas últimas semanas em todo o país, protagonizado por eleitores do militar reformado. Os casos sempre são marcados pela intolerância, racismo e misoginia, traços presentes no discurso do candidato.
Na UFGRS, em Porto Alegre, centenas de manifestantes do DCE da Universidade também foram às ruas contra o projeto conservador do presidenciável. Diversos movimentos sociais e entidades estudantis integraram o ato.
Na cidade de Mauá, no ABC paulista, no último dia 9, aconteceu uma plenária contra o fascismo, em que militantes e ativistas independentes, convocados pelo Movimento de Mulheres Olga Benário, se reuniram na Casa Helerina Preta e debateram propostas de ações para dialogar com a população.
Além disso, diversos grupos, movimentos sociais e coletivos estão se posicionando contra o avanço da candidatura do militar. A Rede de Intelectuais, Artistas e Movimentos Sociais em Defesa da Humanidade soltou ontem uma nota de repúdio à agenda de Bolsonaro e apontando preocupação com a capilaridade do seu discurso.
“A vitória de uma candidatura abertamente fascista como Bolsonaro no Brasil não seria apenas uma tragédia para o povo brasileiro, um holocausto social contra os pobres, mulheres, negros, a comunidade LGBT e, em geral, contra a própria democracia do Brasil”, aponta o documento.
Da mesma maneira, cristãos de todo o país lançaram um manifesto explicando o porquê de não votar no “coiso”. “Defendo a dignidade humana e sou contra a tortura; pois Jesus foi torturado e flagelado. (cf. Gn 1.26, Is 53.7; Lc 6.29-38). Sou a favor do livre arbítrio e da democracia, e contra a ditadura e ideias totalitaristas; pois é para a liberdade que Cristo nos libertou. (cf. Pv 29.2, Sl 125.3, Is 10.1, Mq 3.9-12, Am 5)”, afirma a nota.
Artistas de todo o mundo também vem se posicionando contra Bolsonaro. Na última terça-feira, 09, e ontem, 10, o baixista Roger Waters, ex-líder da banda Pink Floyd, inseriu em seu show a frase “Ele Não!” no telão, e uma lista com líderes neo fascistas em ascensão no mundo, incluindo Bolsonaro. No dia seguinte, foi “censurado” e cobriu o nome de Bolsonaro e trocou a frase por “Nem fudendo”.
Próximas mobilizações
Nos próximos dias, estão marcadas manifestações em diversas capitais e cidades do interior contra o fascismo.