Jean Wyllys: A cidadania pode fazer a diferença
A partir de hoje, você já pode doar pela internet para financiar nossa futura campanha para as eleições de 2018. A campanha só começa em agosto, mas desde hoje é permitido arrecadar fundos.
A partir de hoje, você já pode doar pela internet para financiar nossa futura campanha para as eleições de 2018. A campanha só começa em agosto, mas desde hoje é permitido arrecadar fundos. Antes de pedir dinheiro — é uma coisa chata e constrangedora, ainda mais na situação social que a gente vive —, eu gostaria de explicar como o financiamento de campanhas funciona, para que você entenda por que eu faço esse pedido.
As campanhas custam muito dinheiro, muito mais do que deveriam, e isso é um problema. As fortunas arrecadadas pela maioria dos candidatos, geralmente “doadas” por pouquíssimos investidores super ricos, transformam esses políticos em empregados dos financiadores. Em vez de representar o povo, eles representam os empresários que pagaram suas campanhas. E essa montanha de dinheiro nas campanhas de um setor coloca os que não se submetem a esse esquema em uma enorme desvantagem. Alguns acabam cedendo, o que reforça o poder dos investidores, cada vez com mais políticos na mão.
É só você pesquisar como vota cada deputado no Congresso quando se trata de decisões que beneficiam as empresas que financiaram sua campanha, e você vai ver como funciona o jogo.
Vejam alguns dados. Em 2014, Eduardo Cunha se elegeu deputado federal com 232.708 votos. Para isso, gastou na campanha quase 7 milhões de reais. Esse dinheiro todo foi “doado” por apenas 40 pessoas e 98% do valor total veio de 14 empresas. De acordo com o site Brasil Econômico, “de apenas três delas — CRBS (Ambev), Rima Industrial e Telemont Engenharia — Cunha recebeu R$ 2,9 milhões, 42% do total de R$ 6,832 milhões que sua campanha arrecadou. Outros grandes doadores foram a Líder Táxi Aéreo (R$ 700 mil) e os bancos BGT Pactual, Santander e Bradesco que, somados, doaram R$ 1,3 milhão”.
O site também informa que, em São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, os únicos entre os 10 mais votados de cada estado que não recebemos dinheiro de empresas fomos Chico Alencar e eu. “As duas campanhas, somadas, arrecadaram R$ 235 mil, apenas com doações de pessoas físicas — a maioria inferiores a R$ 1 mil”, informa o site. De fato, a receita total da minha campanha foi de 70.892 mil reais em doações de pessoas físicas, sendo que, destes, 14 mil correspondem a trabalhos de voluntários que a justiça eleitoral “estima” em dinheiro.
Mesmo assim, eu fui o sétimo mais votado do estado — e o quinto da capital — com quase 145 mil votos, com a campanha mais barata entre todos os deputados federais que foram reeleitos.
A concorrência é injusta, mas a gente se esforça para competir sem ceder à chantagem. Administramos os poucos recursos que temos com criatividade, com um estilo de campanha diferente do tradicional. De acordo com uma reportagem do jornal O Dia, em 2014, o PSOL teve o melhor desempenho na relação custo/benefício da campanha.
Explica o jornal que, somados, os parlamentares federais e estaduais do PSOL do Rio de Janeiro “arrecadaram R$ 547 mil e obtiveram 801 mil votos, provando que o dinheiro foi muito bem empregado. Para cada um desses votos, a legenda investiu, em média, menos de um real: R$ 0,68 foram suficientes. Para se ter uma comparação, o PMDB, que elegeu oito deputados federais e 15 estaduais, consolidando-se como a maior legenda do estado, investiu quase R$ 10 por cada voto. Para obter 1,9 milhão de votos, mais que o dobro do Psol, parlamentares precisaram receber cerca de 32 vezes mais dinheiro.”
A decisão do STF que proibiu o financiamento empresarial de campanha foi um avanço democrático, mas ainda vai ter muito super rico doando valores absurdos como pessoa física. E não estou contando o dinheiro ilegal que também é usado em muitas campanhas.
Então, sem renunciar às nossas convicções, a gente precisa financiar nossa campanha para competir com eles. E você, como cidadão ou cidadã, pode fazer a diferença. Em vez de ter vinte ou trinta doadores de um milhão cada um — o que me tornaria refém deles —, eu prefiro ter milhares de pessoas como você contribuindo com pequenos valores, de forma colaborativa e solidária, para fazer uma campanha honesta e sem outro compromisso que não seja com a cidadania.
As doações são feitas pela internet, com cartão de crédito ou boleto bancário, e nossa campanha fará uma prestação de contas para você saber quanto arrecadamos, quem colaborou e como o dinheiro foi gasto.
Se você puder ajudar, eu agradeço muito.
Acesse: bit.ly/FinancieJeanWyllys