No aniversário de Brasília, MTST entrega um ótimo presente: uma nova ocupação
Aos 58 anos de Brasíia, MTST ocupa terreno no aguardo de governo do Distrito Federal cumprir acordo de assentar famílias na região administrativa da Ceilândia.
Passava da meia-noite quando o comboio chegou ao local destinado à ocupação. Distribuídas em ônibus, carros e motos, cerca de 300 pessoas e seus sonhos de um dia possuírem casa própria. O primeiro passo estava para ser dado: ocupar uma área prometida pelo poder público para a construção de moradias e instalação de equipamentos públicos para garantir lazer e qualidade de vida para a comunidade.
A ação foi organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), cuja principal pauta é fazer valer o direito constitucional a uma moradia digna para cada família brasileira. O local escolhido foi o Condomínio Sol Nascente, localizado na Ceilândia, região administrativa que fica a aproximadamente 40 Km do Plano Piloto de Brasília, em uma região que já abriga algumas residências fruto de ocupações anteriores do MTST.
“Esse lugar é nosso e só sairemos daqui depois que o governo der garantia de que seguirá no processo de assentamento das famílias”, anunciou Eduardo Borges, um dos coordenadores da ocupação. “O direito à moradia é assegurado em lei e nós estamos apenas reivindicando aquilo que é nosso”, prosseguiu. Extremamente organizados, estas e outras instruções eram repassadas aos presentes.
Às 300 pessoas que ali se encontravam se juntariam, pelo menos, outras 500 que chegaram no raiar do Sol. O dia 21 de abril marca o aniversário de Brasília e aos seus 58 anos a cidade mais uma vez se movimenta para que cada cidadão e cidadã possa ter sua casa própria, fugindo da precarização no direito de morar. Durante o dia mais e mais pessoas também chegariam, evidenciando a pujança do movimento de ocupação por moradia.
Quando morar é um privilégio, ocupar é um direito. Vários estudos demonstram que não existe déficit de moradia no Brasil. O que existe é déficit de ocupação fruto da especulação imobiliária e descaso do poder público. Só em Brasília, estima-se em 140 mil o número de pessoas que habitam moradias precárias ou mesmo vivendo em situação de rua, expostos à vulnerabilidade social e desassistidos de direitos básicos.
O movimento de ocupação urbana pelo direito à moradia é apenas mais um no sentido de democratização da sociedade e no usufruto dos direitos garantidos na Constituição Federal. Ele se insere no contexto de ressignificação dos espaços públicos trazendo vida para ambientes degradados, minimizando a ameaça de colapsos sociais com consequências para toda a coletividade, especialmente àquela circunscrita ao ambiente urbano.