86% dos moradores de Heliópolis se sentem deprimidos na pandemia, diz estudo
A pesquisa revelou também que para 64% dos entrevistados está mais difícil se concentrar durante esses meses. O isolamento prejudicou o sono de 62% deles.
Um levantamento feito pelo projeto Observatório De Olho na Quebrada, mostra a realidade de quem vive na maior favela do país.
Segundo o estudo, 86% dos moradores da comunidade de Heliópolis, na Zona Sul da cidade de São Paulo, se sentem deprimidos durante a pandemia do coronavírus e 69% declararam estar mais tensos e agoniados neste período.
A pesquisa revelou também que para 64% dos entrevistados está mais difícil se concentrar durante esses meses. O isolamento prejudicou o sono de 62% deles.
O estudo foi realizado em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e entrevistou 281 moradores da comunidade, entre os meses de julho e agosto de 2020.
“Elas [as pessoas] não conseguem dormir porque elas não conseguem deitar a cabeça na cama e pensar se aquele vai ser o último dia que vai ter um teto sobre você mesmo e isso acaba passando na pesquisa, né? 69% das pessoas não estão conseguindo dormir direito, estão tendo algum problema para dormir por causa dessas preocupações, porque não tem dinheiro, a maioria mora de aluguel, então não sabe se vai ter a casa pra dormir, se vai ter o que comer, tem que decidir se vai comer ou pagar o aluguel”, conta o pesquisador do Observatório De Olho na Quebrada, João Victor de Paula Pinto, ao G1.
Para evitar a propagação do vírus, medidas de distanciamento social foram tomadas, e com isso, espaços de educação, cultura e lazer fecharam na região. Os relatos de 90% dos entrevistados ressaltam que esses moradores que não são mais capazes de desfrutar de atividades antes realizadas no cotidiano. Segundo a pesquisa, o momento desencadeou problemas como tristeza, medo, falta de ânimo e até crises de ansiedade nos moradores.
Fonte: Reportagem de Thiago Scheuer para o G1