Vem aí a 7ª Marcha das Margaridas, a maior ação conjunta de mulheres trabalhadoras da América Latina
A 7° Marcha das Margaridas ocorrerá nos dias 15 e 16 de agosto, em Brasília, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade
A cada quatro anos, a Marcha das Margaridas ganha vida e se torna a maior ação política de mulheres trabalhadoras da América Latina. Em 2023, a 7ª edição da marcha está prevista para os dias 15 e 16 de agosto, em Brasília, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. A mobilização reunirá cerca de 100 mil mulheres do campo, das florestas, das águas e das cidades, com um propósito claro: lutar pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver, pela democracia e pela reconstrução da esperança para o povo brasileiro.
A relevância dessa marcha torna-se ainda mais notória por ocorrer em um momento crucial da história do país. A última edição aconteceu em 2019, marcando o início do governo de Jair Bolsonaro. Agora, em 2023, a marcha se ergue como um reflexo do atual cenário político brasileiro, onde as vozes das mulheres trabalhadoras ressoam com ainda mais força na busca incansável por seus direitos.
Essa mobilização reunirá mulheres de todas as regiões do Brasil, das áreas rurais e urbanas, para defenderem a segurança alimentar, o crescimento econômico, o desenvolvimento social e, principalmente, a igualdade de gênero. As mulheres, que representam 50% da população, têm o poder de transformar a sociedade, mas enfrentam desigualdades nos espaços de poder e decisão, que ainda são predominantemente ocupados por homens.
O lema “Pela reconstrução do Brasil e pelo Bem Viver” aponta para a importância de fortalecer a soberania e segurança alimentar, além de assegurar a participação das mulheres na política e nos espaços de tomada de decisões. A luta também visa garantir que as mulheres do campo, das florestas e das águas tenham autonomia sobre seus corpos e territórios, promovendo relações pautadas pelo cuidado e afeto.
A coordenadora geral da marcha, Mazé Morais, destaca a união entre mulheres urbanas e rurais nessa jornada, buscando um país onde todas as mulheres sejam respeitadas e ocupem espaços de poder e decisão. A plataforma política da Marcha das Margaridas inclui pautas como agroecologia, reforma agrária, proteção dos territórios e bens comuns, como a biodiversidade. A mobilização, em 2023, é um marco para reafirmar o compromisso com a luta pelos direitos das mulheres e por um Brasil mais justo e inclusivo.
A História de Margarida Alves: líder sindical paraibana que mudou a história da luta das mulheres camponesas
Margarida Maria Alves nasceu em 5 de agosto de 1933, na Paraíba, em uma família de trabalhadores rurais. Desde cedo, ela testemunhou as dificuldades enfrentadas pelos agricultores e desenvolveu uma consciência política e social apurada. Ao se casar com Aluízio Alves, também trabalhador rural, Margarida mergulhou na luta pelos direitos dos camponeses.
Em 1963, o casal fundou o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande, buscando unir os camponeses em torno de suas reivindicações por melhores condições de trabalho e acesso à terra. Margarida destacou-se como uma líder sindical corajosa, combativa e determinada, assumindo a presidência do sindicato após o assassinato de seu marido, que foi alvo de pistoleiros a serviço dos latifundiários.
A luta de Margarida era ferrenha contra os latifundiários e perseguidores dos trabalhadores rurais, enfrentando ameaças constantes. Ela defendia a contratação com carteira assinada, o pagamento do décimo terceiro salário, o direito dos trabalhadores de cultivar suas terras e o fim do trabalho infantil no corte de cana. Sua coragem em movimentar mais de cem ações trabalhistas contra a Usina Tanques, a maior da Paraíba na época, incomodava profundamente os patrões, que buscavam manter os trabalhadores em situação de escravidão.
Margarida também lutou pelo acesso à educação para adultos, criando um programa de alfabetização com base nos métodos de Paulo Freire, ajudando homens e mulheres analfabetos a aprenderem a ler e escrever.
Infelizmente, a resistência de Margarida não foi suficiente para conter a tirania dos latifundiários. Em 12 de agosto de 1983, aos 50 anos, ela foi assassinada em sua própria casa, na frente de seu filho e marido, por matadores de aluguel a mando dos fazendeiros da região.
Apesar de sua morte brutal e impune, o legado de Margarida Alves perdura. Sua história é lembrada com admiração e respeito, inspirando a luta das mulheres trabalhadoras rurais e urbanas em todo o país. A Marcha das Margaridas é uma homenagem à coragem e dedicação dessa líder sindical, e suas reivindicações continuam vivas, sendo uma referência para todas as mulheres que seguem na batalha por seus direitos e por um Brasil mais justo e igualitário.
Conheça a trajetória da incrivel Margarida Alves: