“60% da área desmatada foi para o pasto”, diz coordenador do Programa Amazônia do Inpe
Conforme Cláudio Almeida, coordenador do Programa Amazônia do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), “60% da área desmatada foi para o pastagem, e 5% para agricultura mecanizada”.
Por Mahe M. Maia
Em palestra ministrada em 22 de agosto de 2019, Claudio Almeida, coordenador do Programa Amazônia do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e tecnologista sênior no monitoramento da Floresta Amazônica, confirmou os elevados índices de desmatamento detectados para maio a julho de 2019.
Os dados de desmatamento foram detectados pelo INPE por meio da ferramenta Deter (Detecção de Desmatamento em Tempo Real), que tem como principal função sinalizar áreas de desmatamento da floresta para então reporta-lo aos órgãos de fiscalização ambiental, como o Ibama. Veja o gráfico de detecção do desmatamento para o período de agosto de 2018 a julho de 2019:
Segundo Cláudio, como no mês de julho o sistema detectou um pico de alertas de desmatamento (9 mil alertas no total), maior do que esperado pelo INPE, o próprio órgão decidiu então fazer uma análise mais apurada dos dados, vindo a confirmar 92% dos alertas detectados.
A respeito das queimadas que foram vistas essa semana, alertou que são um resultado intensificado do atual processo de ocupação da Amazônia, que geralmente começa com a derrubada das árvores em março e abril, por ser o fim da estação chuvosa, e encerra com o início da estação seca, entre agosto e setembro. Neste período ocorrem as queimadas da massa que ficou secando desde a derrubada. Explica:
“Querem ocupar e a única maneira de fazer a ocupação de maneira rápida é o fogo, sendo que o resultado é isso que a gente está vendo essa semana. É justamente aquele desmatamento que foi feito há 2, 3 meses atrás, que ficou secando e agora está queimando”.
Indicou ainda que, segundo dados compilados pelo INPE em conjunto com a EMBRAPA (disponíveis no TerraClass), mais de 60% da área desflorestada na Amazônia foi destinada à pecuária, mais especificamente áreas de pastagem de baixa qualidade. Por sua vez, a agricultura de grande escala, como soja e milho, ocupa 6,5% da área desflorestada, estando concentrada no Mato Grosso e no Pará.
De acordo com Claudio, além de todos os dados do INPE estarem disponíveis ao público, o sistema permite ao governo a formulação de políticas públicas, fiscalização, elaboração de um plano nacional de mudança climática, pois: “o governo sabe quanto tem, sabe onde estão ocorrendo as mudanças, pois ele tem acesso às informações, então ele pode planejar ações para reverter esse quadro”.
Confira breve entrevista concedida após o evento: