As primeiras análises dos dados coletados na pesquisa Experiências LGBTQIAPN+ no Ambiente de Trabalho apontam dados relevantes para a compreensão do panorama atual da inclusão LGBTQIAPN+ nas empresas brasileiras. O dado em destaque no título levanta o debate sobre a segurança da comunidade: 53% dos respondentes informaram que conhecem alguém que já sofreu preconceito no trabalho e 24% afirmaram ter sido vítimas da mesma violência, motivada simplesmente pela sua identidade ou expressão de gênero, ou orientação sexual. 

A pesquisa da Travessia – Estratégias em Inclusão coletou anonimamente dados de 111 colaboradores LGBTQIAPN+ de empresas de diversos segmentos e em todas as regiões do Brasil. A pesquisa foi dividida em sete blocos, com um total de 48 perguntas, elaboradas para medir a eficiência de práticas de inclusão voltadas para esta comunidade.

Vini Michelucci, sócia na Travessia e à frente das ações de diversidade para a comunidade LGBTQIAPN+, destaca que os dados revelaram uma necessidade contínua das empresas manterem a pauta de inclusão LGBTQIAPN+ no radar, e seguir aprimorando as ações e políticas que garantam um ambiente de trabalho saudável, seguro e produtivo para profissionais desta comunidade.

Um outro dado que chamou atenção na pesquisa traz um termo novo para muitos: tokenismo. 24% dos respondentes afirmaram já ter sido vítimas de tokenismo no ambiente de trabalho.

“O tokenismo é uma prática superficial e simbólica de inclusão, geralmente com o objetivo de evitar críticas ou aparentar existir diversidade sem mudanças significativas ou genuínas”, explica Vini.

Ainda segundo a pesquisa, 75% dos respondentes disseram que em suas empresas não há programas de contratação afirmativa para pessoas LGBTQIAPN+ e 60% disseram que não há metas institucionais sobre inclusão LGBTQIAPN+.

Os dados também são expressivos com relação às ações de educação corporativa: 41% dos entrevistados disseram que suas empresas não oferecem treinamentos específicos para promover a inclusão de profissionais LGBTQIAPN+ e 52% acreditam que os responsáveis pelos canais internos não estão capacitados para lidar com LGBTfobia.

A pesquisa também mensurou dados relacionados aos colaboradores trans, indicando que 50% declararam não existir políticas de apoio a colaboradores trans e travestis durante o processo de transição de gênero, tal como apoio psicológico, jurídico, financeiro e atendimento de saúde especializado.

“De forma geral, a inclusão trans ainda não é um tema prioritário quando tratamos de inclusão LGBTQIAPN+”, salienta Vini. E complementa: “É muito comum que as práticas de inclusão com esta comunidade se restrinjam às demandas homoafetivas – quando existem –, e não em relação à pluralidade de gênero que existe dentro da comunidade”.

Em relação à parentalidade, avaliou-se que mais de 53% dos respondentes afirmaram que a empresa ou organização não tem licença parental inclusiva, ou ainda, que não têm conhecimento das práticas da empresa sobre o tema.

Também foi destaque na pesquisa:

  • 36% dos respondentes afirmaram que as empresas não promovem ações efetivas de prevenção e combate à discriminação contra pessoas LGBTQIAPN+;
  • 50% dos respondentes afirmaram que as lideranças da empresa ou organização não estão genuinamente comprometidas em criar e manter um ambiente inclusivo para pessoas LGBTQIAPN+;
  • 29,33% dos respondentes não confiam nos canais internos da empresa ou organização para endereçar assuntos relacionados à discriminação, assédio ou violência contra pessoas da comunidade;
  • 42,67% dos respondentes não entendem que as empresas ou organizações estejam preparadas para acolher denúncias ou reclamações de pessoas LGBTQIAPN+;
  • 30,67% das pessoas desistiram de buscar suporte dos canais internos por não acreditar que os problemas seriam solucionados; e
  • 55,4% dos respondentes afirmaram que a empresa ou organização não possui um processo de recrutamento e seleção inclusivo para pessoas LGBTQIAPN+.

Via Assessoria