5 motivos para ver ‘A sala dos Professores’ e desconfiar de todo mundo
A Sala dos Professores, Das Lehrerzimmer, é a aposta da Alemanha para levar, mais uma vez, a estatueta de melhor filme internacional para casa e manter o título de atual “campeã” na categoria.
Por Guilherme Carniell
A Sala dos Professores, Das Lehrerzimmer, é a aposta da Alemanha para levar, mais uma vez, a estatueta de melhor filme internacional para casa e manter o título de atual “campeã” na categoria. Ano passado o país venceu com Nada de novo no front (2022). Ou seja, as expectativas são altas.
O filme, acompanha a professora Carla que leciona em uma escola onde estão acontecendo roubos dentro das salas de aula. Ela, por sua vez, resolve investigar tudo isso por conta e acaba se vendo em paradigmas éticos e morais. Além da sinopse oficial, outra forma mais leve de resumir o filme é: uma mistura de Anatomia de uma queda com Malhação.
No currículo pré Oscar, o longa levou o prêmio de Melhor Filme no German Film Awards, por isso já é um dos queridinhos da categoria. E super faz jus ao hype. Por isso, separamos 5 motivos que valem a pena ver o filme que vai fazer você desconfiar até da sua própria sombra.
- Bem-vindo à Era da Pós-Verdade
O roteiro nos apresenta a ideologia da era da pós-verdade, onde as crenças pessoais e os apelos emocionais moldam opiniões e não a objetividade. O que resulta em atuações frias, mas que transbordam sentimentos sufocados.
- Atuações de tirar o fôlego
O elenco tem uma execução admirável, isso não tem como negar. Destaque especial para o pequeno ator Leonard Stettnisch. O jovem interpreta uma criança, Oskar, que apresenta diferentes e potentes nuances dramatúrgicas, que coloca muito veterano no chinelo.
- Pautas xenofóbicas da Europa contemporânea
É nítida a presença de críticas sobre preconceito racial, étnico e cultural. Principalmente quando um aluno turco é acusado de ter realizado furtos por simplesmente ter dinheiro para o almoço. Essa pauta é uma cortina fina que esconde, ou melhor, carrega outras tantas pautas atuais.
- Câmera ansiosa para um público ainda mais ansioso
O diretor Ilker Çatak não é inocente não. Conforme a narrativa avança, a tensão e a desconfiança aumentam. Para isso, ele cria frames mais quadrados que “prendem” a protagonista no centro, como se ela estivesse indo para uma arapuca (no bom e velho português). Além disso, a câmera é inquieta. Ela se move por toda a escola de forma frenética, tudo para aumentar o sentimento de ansiedade pelo qual a professora Carla está passando.
- Final aberto
Sem spoilers, mas a narrativa não se preocupa em apresentar a verdade. O filme termina sem sabermos ao certo quem é o culpado sobre o crime que aconteceu. E é aí que está a graça. A direção optou em dar essa liberdade para o espectador, ele é quem decidirá por conta, quem deve ser punido e se precisa dessa punição.
Bateu a curiosidade pra assistir? O filme é curtinho, 1 hora e meia, e tem um ritmo acelerado. Lembrando que no Brasil, por enquanto, o filme está sendo transmitido apenas em salas de cinema.
Texto produzido em cobertura colaborativa da Cine NINJA – Especial Oscar 2024