13 milhões de brasileiros deixaram de passar fome em 2023, aponta estudo
A política de valorização do salário mínimo, que considera a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e a taxa de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB), fortaleceu a capacidade de compra da população
De 2022 para 2023, o número de brasileiros enfrentando a fome diminuiu em 13 milhões, de acordo com os dados divulgados nesta segunda-feira (11). No último ano do governo Bolsonaro, 33 milhões estavam em quadro de fome. Em 2023, esse número reduziu para 20 milhões. O número continua alto, considerando que o Brasil já havia saído do mapa da fome, mas retornou após os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro.
O estudo aponta que a redução estimada na quantidade de pessoas vivendo em situação de insegurança alimentar grave está diretamente ligada à queda do desemprego e à estabilização dos preços, especialmente dos alimentos. Além disso, o aumento da renda da população, impulsionado pelos programas de transferência de renda e pelo reajuste acima da inflação do salário mínimo, também contribuiu para essa melhoria.
A pesquisa foi realizada pelo Instituto Fome Zero, a pedido do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS).
A política de valorização do salário mínimo, que considera a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e a taxa de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB), fortaleceu a capacidade de compra da população, o que impactou positivamente na redução da insegurança alimentar e nutricional.
A pesquisa considera duas categorias de insegurança alimentar: moderada e grave. Na insegurança alimentar moderada, os indivíduos não conseguem realizar as três refeições diárias necessárias para uma vida saudável. Já na insegurança alimentar grave, as pessoas passam pelo menos um dia sem comida, ou seja, estão em situação de fome.
Essa projeção foi elaborada com base em uma análise detalhada dos dados da Pesquisa de Orçamento Familiar e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), ambas conduzidas pelo IBGE.
José Graziano, ex-ministro de Combate à Fome e diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura de 2012 a 2019, ressalta: “As pessoas ganharam mais do que perderam com a inflação. Mas o maior elemento é a política de aumento do salário mínimo, que atinge todos os brasileiros, mesmo aquelas pessoas que não ganham o salário mínimo são afetadas”.
Além disso, o estudo também analisou o Índice de Miséria, que combina indicadores de desemprego e inflação para retratar a exposição da população carente à insegurança alimentar e nutricional. Esse índice apresentou uma queda significativa, chegando a 12,4% em 2023, após um pico de 21,2% em 2021.