Baseado na história real do malawiano William Kamkwamba, O Menino que Descobriu o Vento. Alerta, nesse texto contém spoilers.

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Por Thais Prado*

Baseado na história real do malawiano William Kamkwamba, O Menino que Descobriu o Vento. Alerta, nesse texto contém spoilers. Do mesmo diretor de 12 anos de escravidão, Chiwetel Ejiofor, o filme constrói uma longa ponte de contextualização e explicações para o título, que torna-se uma realidade.

Desde o começo podemos observar o descaso do governo com o povo. O governo promete riqueza e alimentação, mas logo ao assumir desmata as terras. Com poucas árvores, as enchentes tomam conta das plantações, e a colheita para os dias de seca não acontece, deixando o povo na miséria. Parte da população se sente enganada, sem dinheiro, sem um governo que olhe para as minorias e sem ter o que comer.

Passada as eleições, o presidente retorna ao vilarejo, em palanque para agradecer os votos e mascarar a fome. O líder da comunidade, então, o desmente e diz para toda a população que nada do foi prometido está sendo cumprido. Descontente, com a oposição, o presidente manda seus capangas acabar com a vida do velho líder do vilarejo.

Todo aquele que vai contra o governo, é punido.

De forma breve e muito mais superficial do que o próprio filme, digo: a estrela do filme é pequeno William Kamkwamba que buscou ensinamento nos livros. Foi escondido a única e pequena biblioteca da comunidade. Passa-se mais de um uma hora e meia de filme e William ainda está em busca de construir o seu projeto que dá nome ao filme. A narrativa detalhista evidencia as relações familiares e principalmente a estima de perseverança independente da pouca credibilidade de um menino de 13 anos perante os adultos. William, provou para o pai e todo o vilarejo de que ele poderia trazer água e consequentemente, comida. Foi contra o governo e até mesmo contra o seu pai.

Munido apenas de livros, descobriu o vento, trouxe água e vida ao vilarejo. Provou que só a educação salvará o mundo.

Qualquer diferença com o atual governo, não é mera coincidência.

*Thais Prado é estudante de jornalismo, a única negra da sala e primeira pessoa da família a entrar em uma universidade. Filha e neta de quilombolas, segue na luta para não não deixar suas raízes morrerem.