A Índia, apesar de seu forte aspecto religioso, é um Estado laico, e a Suprema Corte do país decidiu acabar com a proibição da entrada de mulheres de 10 a 50 anos no templo hindu Ayyappa em Sabarimala, por serem consideradas impuras devido a menstruação. Em 1º de janeiro deste ano, dezenas de milhares de mulheres formaram uma cadeia humana de 620 quilômetros em Kerala, sul do país, em apoio a essa decisão. As escolas tiveram meio período e exames foram adiados em universidades para que alunas e alunos pudessem aderir ao ato.

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A manifestação chamada de ‘Muro das Mulheres’ que teve participação de homens indianos, idosas e crianças, aconteceu pela decisão judicial relativa ao templo, que desencadeou várias semanas de protestos de apoiadores e adversários da medida tomada no final de 2018, já que mulheres tentaram chegar ao templo e foram impedidas por partidários contrários a medida. O governo de Kerala, de viés comunista, declarou que 5 milhões de mulheres participaram da marcha.

Foto: R.S. Iyer/AP

O primeiro ministro da Índia, Narendra Modi, do partido nacionalista Bharatiya Janata Party (BJP), se coloca contrário a decisão e afirma que ela vai contra os valores do hinduísmo e quer continuar a banir esse direito às mulheres indianas. O ato, além de defender a liberdade religiosa das mulheres, mostra que as mulheres na Índia buscam a igualdade de gênero, e não aceitarão mais as imposições que retiram seus direitos no país onde são 48,5% da população.

Foto: AFP

A Índia é considerado o país mais perigoso para mulheres do G20, grupo dos 20 países mais ricos do mundo, e sofre com grande violência de gênero, devido a elementos culturais segundo documento do próprio governo do país. O acesso de mulheres à educação tem melhorado, porém o quadro ainda é preocupante, principalmente pela preferência das famílias por filhos homens devido a essas questões relacionadas a cultura indiana.

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O Muro das Mulheres é um marco da luta das mulheres em defesa da igualdade de gênero, e cada vez mais denúncias de estupros e violência doméstica estão acontecendo trazendo uma importante mudança na realidade da Índia.