Foto: Gleilson Miranda

Por Fábio Pontes

Se em anos passados o Acre passava quase despercebido na divulgação dos dados do desmatamento na Amazônia Legal, o mesmo não se pode dizer nestes últimos meses. Apesar de ainda apresentar números absolutos baixos, em termos percentuais o estado, agora, ocupa as primeiras posições.

É o caso do mais recente Boletim do Desmatamento divulgado nesta sexta-feira, 16, pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Em julho, o Acre teve desmatado 187 quilômetros quadrados de floresta nativa; no mesmo mês do ano passado, essa área foi de 35 km2 – uma variação de 434%.

O crescimento também foi registrado na comparação anual. Entre agosto de 2017 e julho de 2018, o desmatamento alcançou a marca de 104 km2; já no período de agosto de 2018 a julho último, o total de floresta destruída chegou a 371 km2 – a variação registrada pelo Imazon é de 257%.

Em números absolutos, na comparação com os outros estados da Amazônia Legal, o Acre registrou a segunda menor área desmatada. O Pará teve destruídos 1.792 km2 entre agosto do ano passado e julho último.

Ao todo, em toda a Amazônia, mais de 5.000 km2 de floresta vieram ao chão no período, incremento de 15% em cotejo com o levantamento anterior. Essa elevação na Amazônia – e em particular no Acre – ocorre em meio aos discursos do presidente da República e do governador do estado, que garantem certa sensação de impunidade a quem comete crimes ambientais.

Em discurso recente, o governador do Acre, Gladson Cameli (Progressistas), deu ordens para que produtores rurais autuados pelo Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) não pagassem as multas. (leia o artigo As falas (não ecológicas) de Cameli)

“Quem for da zona rural, e que o seu Imac estiver multando, alguém me avise porque eu não vou permitir que venham prejudicar quem quer trabalhar. Avise-me e não pague nenhuma multa porque quem está mandando agora sou eu. Não paguem”, disse Gladson durante ato em Sena Madureira. Semanas atrás disse que foi mal interpretado nesta fala.

O chefe do Executivo tem sua linha política voltada para benefício do agronegócio – o principal mote de campanha eleitoral dele em 2018. Desde que assumiu o governo no começo de 2019, as taxas de desmatamento e de focos de queimada dispararam no Acre. (Leia artigo Acre em Chamas)

Contudo, a elevação na quantidade de floresta desmatada passou a ser observada já em 2018, último ano de governo do petista Tião Viana.  Ano passado, de acordo com o Inpe, o Acre perdeu 393 km2 de sua cobertura florestal nativa.

Resex Chico Mendes

Outro dado que chama a atenção nos dados do Imazon é a destruição da Reserva Extrativista Chico Mendes. Tanto nos levantamentos do Imazon quanto do Inpe, a unidade ocupa as primeiras posições em desmatamento. Em julho último, o desmatamento chegou a 16 km2 dentro da Resex idealizada pelo líder seringueiro acreano.

A falência da economia extrativista e o avanço da pecuária exercida pela pressão das fazendas de boi ao redor são vistas como os indutores de destruição da unidade. Em quase 30 anos, ela já perdeu mais de 6% de sua cobertura natural, representando 63.211 hectares de mata que deu lugar ao pasto.

Nota do governo do Acre sobre os dados do Imazon

O Governo do Estado do Acre,  por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), desde o início de sua gestão em janeiro de 2019, sempre se pautou pelo atendimento as Leis Ambientais, num esforço para mostrar a sociedade e a todo o país de que é possível conciliar desenvolvimento econômico com preservação e utilização racional dos nossos recursos naturais.

O dado divulgado pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON) referente ao avanço do desmatamento no período de agosto de 2018 a julho de 2019, mostrou que na Amazônia Legal (área composta pelos estados do Amapá, Tocantins, Roraima, Maranhão, Acre, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso e Pará) o desflorestamento foi de 5.054 km2, correspondendo a 15% de elevação em relação ao período anterior.

Os dados divulgados são fundamentais como balizadores para monitoramento e implementação de políticas de comando e controle, porém é preciso que esses dados sejam avaliados dentro do contexto em que se situam.

De acordo com o IMAZON, o Acre não está na primeira posição entre os estados que lideraram o desmatamento nesse período. Essa posição é ocupada pelo Pará (36%), seguindo de Amazonas (20%) e em seguida Rondônia e Acre (15%). Destaca-se ainda que o Acre apresentou apenas 3% de degradação no mês de julho, o menor índice da Amazônia Legal.

Diante do exposto, a atual gestão estadual restabelece a verdade, condena o desmatamento ilegal que traz prejuízos ambientais, sociais e econômicos para a população e renova seu compromisso com o desenvolvimento sustentável através de novas políticas  de desenvolvimento social e econômico que estão sendo implementadas a partir desse ano.

Israel Milani
Secretário de Estado do Meio Ambiente