Entre os dias 21 a 23 de junho, o Quilombo Família Teodoro de Oliveira e Ventura, em Patos de Minas, receberá o “Minas LAB – Festeja Tradição Mineira“, que contará com oficinas de capacitação em redes sociais, fotografia e vídeo.

O Festeja Tradição Mineira teve início em 2020 e busca promover o reconhecimento da importância das tradições culturais em Minas Gerais. Por meio de exposições virtuais e projetadas em cidades do estado e do país, o Festeja Tradição Mineira destacou obras de artistas locais que retratam os costumes, sentimentos e ancestralidade das festas e manifestações culturais em Minas Gerais.

O Minas LAB já percorreu 29 municípios mineiros em anos anteriores, oferecendo um circuito de formação em comunicação e produção cultural. Agora, esses dois projetos se unem para criar o Festeja – Minas LAB, que visa capacitar as comunidades quilombolas e indígenas em habilidades essenciais de comunicação e produção audiovisual.

O projeto tem o objetivo preservar e valorizar as tradições locais e garantir o registro das festividades culturais da comunidade. No início do mês de maio, o projeto aplicou as oficinas de capacitação para o Quilombo dos Arturos em Contagem, que contou com a cobertura colaborativa da tradicional Festa da Abolição, onde os alunos puderam aplicar os conhecimentos adquiridos, juntamente do apoio dos professores.

As oficinas são voltadas à juventude quilombola e indígena de Minas. Ao todo, o projeto percorrerá 15 territórios localizados em diversas regiões do estado e oferecerá 10 bolsas de estudo para cada comunidade. Integrando as oficinas, os alunos terão a oportunidade de testar na prática os conhecimentos adquiridos na Festa Junina da comunidade, o “Arraiá do Quilombo”, que acontecerá durante o evento. Com o apoio dos professores, será realizada uma cobertura colaborativa, onde cada aluno poderá registrar sua comunidade com seu próprio olhar. Este trabalho contribuirá para a preservação da memória e tradições presentes em seus territórios.

Quilombo Família Teodoro de Oliveira e Família Ventura

A Comunidade é formada por dois núcleos familiares, os Teodoro de Oliveira e os Ventura, localizados nos municípios de Serra do Salitre e Patos de Minas, na região do Alto Paranaíba, no estado de Minas Gerais. Os ancestrais das famílias seriam provenientes do antigo Quilombo de Ambrósio ou Quilombos do Campo Grande, que teve sua primeira formação na região de Cristais (MG) e a segunda no Alto Paranaíba, cujo líder foi o Rei Ambrósio (BRASILEIRO, 2017; MARTINS, 2017); e também da Comarca do Rio das Mortes, região que convivera com constantes revoltas de escravizados no final do século XVIII e primeira metade do século XIX. A recuperação da história dos ancestrais dos negros que migraram para o Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba tem feito parte do empenho de membros da comunidade nos últimos anos.

Atualmente, o quilombo é urbano e não se encontra em seu território originário. Nas primeiras décadas do século XX, durante o processo de urbanização da cidade de Patos de Minas, foram destruídos os registros da Irmandade do pretos, os documentos e o cemitério, contendo os restos mortais dos antepassados das Famílias Teodoro de Oliveira e Ventura: a mudança do cemitério e da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, que era frequentada pelos negros foi um marco simbólico da nova ordenação urbana planejada por Olegário Maciel (BORGES, 2011).