Por Rafaela Freitas

A enchente histórica que atingiu o Rio Grande do Sul em maio afetou profundamente diversos aspectos da vida em grande parte do estado. Escolas se transformaram em abrigos e educadores se mobilizaram como voluntários. O número de desabrigados chegou a ser alarmante, especialmente em Porto Alegre, onde a cidade enfrentou isolamento e danos severos à infraestrutura. 

O diretor do Colégio Estadual Coronel Afonso Emilio Massot, João Alberto Rodrigues, compara os desafios enfrentados com os da pandemia, destacando a preocupação com os alunos mais afetados emocionalmente pela tragédia. Apesar dos desafios, ele pontua que a escola pública desempenha um papel crucial na comunidade, indo além do ensino para fornecer apoio emocional e social aos alunos. A reconstrução desses laços e o retorno gradual às aulas são fundamentais para a recuperação após a tragédia.

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Além disso, o diretor observa que, assim como na pandemia, os alunos podem enfrentar dificuldades para se readaptar ao retorno às aulas e prevê desafios semelhantes agora. Ele argumenta que tentar recuperar todo o conteúdo perdido pode ser problemático e sugere que o foco deve ser em acolher os alunos e encerrar o ano da melhor maneira possível, reconhecendo que haverá defasagens a serem tratadas no ano seguinte.

A presidente do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS), Helenir Schurer, expressa preocupação semelhante, destacando a complexidade do retorno às aulas em meio à devastação causada pela enchente. Ela ressalta a importância de acolher não apenas os alunos, mas também os professores e funcionários afetados.

Simone Valdete dos Santos, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), enfatiza a necessidade de incluir educação ambiental no currículo escolar, utilizando a tragédia da enchente como oportunidade de aprendizado sobre preservação e manejo ambiental.

Por fim, o Conselho Nacional da Educação decidiu flexibilizar os 200 dias letivos para o Rio Grande do Sul em 2024, medida apoiada pela presidente do Cpers. Estima-se uma perda média de cerca de 20 dias letivos devido à enchente. Entretanto, há preocupações com a proposta de municipalização para o retorno às aulas, temendo que a transferência temporária de alunos da rede estadual para escolas municipais se torne permanente.