No último final de semana, um vídeo ganhou as redes sociais, onde vários estudantes de medicina da Universidade Santo Amaro (Unisa), em São Paulo, aparecem seminus, simulando uma masturbação coletiva, durante uma partida de vôlei feminino. Exatamente isso que vocês leram: FUTUROS MÉDICOS, quem sabe alguns deles se tornariam ginecologistas, praticando um “punhetaço”, durante um jogo feminino. O vídeo é de abril deste ano, durante um campeonato universitário.

A Universidade expulsou os alunos envolvidos no caso, ou pelo menos os que já foram identificados, mas, no decorrer dessa situação toda, surgiu um fato novo. Algumas pessoas sugeriram que esses estudantes fossem negros. Pasmem, uma distorção no vídeo para não identificá-los, devido à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), escureceu um pouco as imagens e várias pessoas colocaram como se esses criminosos fossem negros.

Antes de mais nada, não estou “passando pano” para homens negros, não tenho vontade e nem poder para advogar por eles, mas a sociedade tem tanta vontade de ver os negros errando que enxergam situações onde elas não existem. A política de cotas é uma das ações afirmativas mais importantes das últimas décadas, mas ela ainda não chegou a vários ambientes e os cursos de medicina é um deles. Historicamente, a grande maioria dos estudantes de medicina e odontologia, por exemplo, são pessoas brancas, com poder aquisitivo elevado e a Unisa é uma instituição particular. Ou seja, a chance de TODOS esses alunos serem negros, é ínfima.

Em média, o valor da mensalidade de um curso de medicina é de R$7.300, segundo um levantamento realizado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e não precisamos nem falar qual o percentual de pessoas negras no Brasil que tem poder aquisitivo para investir esse valor na mensalidade de um curso superior, mas a vontade de apontar os dedos para pessoas negras é maior que a sanidade.

Além disso, o curso de medicina, principalmente, sempre foi elitista e machista. Relatos nas redes sociais revelam que não só estudantes são abusadores de alunas, principalmente nos primeiros períodos, mas residentes, alunos já final do curso, e até professores assediam as estudantes. Sem contar os famosos “trotes” no início dos semestres letivos.

Além de constrangimento às alunas que disputavam a partida, o ato de masturbação em público também figura uma atitude imoral por parte daqueles que deveriam prezar pela saúde, física e mental, da população e quando se trata de mulheres, é ainda mais delicado por todo machismo intrínseco na sociedade. Qual segurança de realizar uma consulta com um ginecologista essas meninas terão a partir de agora?

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