Imagem: Reprodução / Ted.com

Aproveito que o hype está discutindo masculinidade e pensar umas coisas:

Quem definiu o que era raça?
Quem definiu o que era gênero?
Quem definiu as normativas e os normais?

A história do ocidente é marcada pela ação do homem branco em definir tudo a partir de si mesmo. Construindo definições sempre se colocando no centro como a expressão ideal de humanidade.

Nos estudos de masculinidades, por exemplo, veremos que as demais expressões de masculino, fora daquilo performado por brancos, como brancos, para brancos, foram chamadas de “masculinidade subalternas”. Geral sabe o que significa subalterna aqui e geral sabe quem está nesses grupos, ok?

Quais interesses em manter esses lugares?

Todo masculino não cis-hétero-branco está na subalternidade, sendo obrigado à “busca pela brancura”, como disse Fanon.

Ainda nesse debate, sempre que alguém me pede para definir masculinidades tóxicas, eu digo para substituir “tóxicas” por branca. Pois o conjunto de comportamentos e performances criadas nesse modelo são, em natureza, a expressão de uma cultura de domínio e imposições construídas por esses homens, para hierarquizar, subalternizar e exterminar outras vidas. Principalmente as negras.

Por que, sequer, pautamos homens brancos nas discussões de diversidade? Porque não se entendem parte do diverso.

Basta observar o resultado desse projeto de sociedade para entender que deu ruim, e que é insustentável. E por isso é urgente deslocar homens brancos de seus lugares, para debater o enfrentamento às violências raciais, de gênero e classe. É hora de racializá-los para que a sociedade entenda o que é ser um homem branco nesse contexto de opressões construídas na raça que a sociologia deles fundou.

É urgente que se descortinem tais verdades para promover uma série de movimentos e destituições de poderes e normatividades, que só se mantém à medida que destroem outras manifestações de ser.

Compreender como as dinâmicas raciais estão dadas é o primeiro passo da luta antirracista. Entender qual lugar se ocupa é o mínimo.

Homens brancos se alçaram à norma, à regra. Se fazem régua. Por isso não entendem quando questionados. Por isso acham um absurdo quando interrompidos, racializados e apontados. Por isso, pensam e agem como definidores de tudo, e da última palavra, sempre. É um projeto.

São dessas questões que precisamos tratar nos debates de masculinidades e não só se limitar em falar sobre quem chora ou prefere saia. Há de se falar sobre quem determina, e o que define…

Tudo precisa ser pensado e repensado.

Eu preferia não ter que escrever sobre essas coisas porque tenho outras prioridades, mas enquanto esses agentes não se deslocam e não se pensam, a gente tensiona.

Conheça outros colunistas e suas opiniões!

Tatiana Barros

Histórias de diversidade e inclusão no mundo corporativo: carreira e desenvolvimento de pessoas em grupos minorizados

Márcio Santilli

Mais petróleo?

André Menezes

Racismo dentro e fora de campo: uma estratégia de repressão aos atletas negros de alto nível

NINJA Esporte Clube

Caso Vini: O racismo é sufocante

Fred Maia

Vini Jr. é o melhor e não será calado

Colunista NINJA

Aprovar o marco temporal é carregar a arma e apertar o gatilho: contra os indígenas, contra nós

NINJA Esporte Clube

A Espanha é racista?

Célio Turino

Lei Paulo Gustavo: Uma Carta às gestoras, gestores e ao povo da Cultura

Rede Justiça Criminal

Mães negras contra o Estado racista e genocida

André Menezes

“Eu quero que os artistas pretos entendam o potencial que eles têm”, diz Salgadinho, o Rei do Cavaquinho

Daniel Zen

Três porquinhos, suas casinhas e uma cassação

Uirá Porã

O Software Livre voltou!

Ediane Maria

A trabalhadora doméstica e a falsa abolição, a falsa proteção e o falso cuidado

Márcio Santilli

"Rua Sem Saída"

Márcio Santilli

Insegurança amazônica