Reconstruir o Brasil passa por fortalecer o Dia do Orgulho LGBTQIA+

Foto: arquivo Renata Souza

Por Renata Souza e Marina Iris

Este é o primeiro 28 de junho, Dia do Orgulho LGBTQIA+, depois dos quatro anos de ataques explícitos do ex-presidente da República (e sua cúpula) aos direitos da população LGBTQIA+. Para além de um discurso, que visava acirrar violências contra esse grupo social, foi a tentativa de inviabilizar a construção de políticas públicas voltadas para a comunidade.

Consciente de que tivemos uma grande vitória ao derrotarmos a Presidência da Barbárie, mas que a última eleição também resultou em parlamentos ainda mais fundamentalistas, a parada LGBTQIA+ de São Paulo foi enfática num dos seus lemas: “Queremos recuperar o que nos foi tirado e avançar em nossos direitos”. Foi um desfile colorido, alegre e de reafirmação da urgência da elaboração de mais políticas sociais.

Não podemos perder de vista que a construção de políticas efetivas parte do entendimento de que só o acesso pleno a direitos é capaz de barrar violações e de trazer dignidade à vida das pessoas. A conscientização só é possível se estiver em sincronia com a garantia de direitos às populações minorizadas. Para isso, é responsabilidade de todas e todos nós, em especial daquelas e daqueles que compõem as Casas Legislativas, o Executivo e o Judiciário, ter escuta atenta às demandas da população LGBTQIA+, principalmente aos movimentos sociais.

Apesar de uma composição de Congresso que, em sua maioria, ostenta sua própria brutalidade, iniciamos o ano de 2023 com sinalizações importantes por parte do Governo Federal para as pessoas que integram a comunidade LGBTQIA+. Em destaque, temos a criação pelo Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Queers, Intersexos, Assexuais e Outras (CNLGBTQIA+). A partir disso, será possível mapear e dimensionar nosso déficit civilizatório em relação a esse grupo social.

De acordo com o estudo Oldiversity, em entrevistas colhidas neste ano, 6 em cada 10 pessoas LGBTQIA+ ainda percebem preconceito das empresas em contratá-las. Pesquisas como essa evidenciam problemas estruturais e são capazes de subsidiar políticas eficazes sobre empregabilidade, por exemplo.

Entendendo o quanto os estigmas são capazes de esmagar subjetividades e impedir acesso a direitos básicos, nossa mandata veio ao longo dos últimos anos travando uma dura batalha dentro de um parlamento que busca invisibilizar corpos dissidentes. As dezenas de ações, projetos de leis e participações em audiências nos formaram e formam todos os dias. Além disso, ficamos mais fortes para seguir pautando a dignidade humana dentro de uma Assembleia Legislativa que deveria ser, de fato, do povo.

É nessa luta que acreditamos, é por ela que celebramos neste 28 de junho. Só a partir da construção coletiva retiraremos o Brasil do topo do ranking de países que mais matam suas populações LGBTQIA+. Como estamparam as cores da última parada: “Queremos políticas sociais por inteiro, não pela metade”. O desejo de reconstruir o Brasil, reinventar a democracia e formular políticas públicas progressistas, passa por garantir a vida e o bem-estar da população LGBTQIA+.

Conheça outros colunistas e suas opiniões!

Colunista NINJA

Memória, verdade e justiça

FODA

Qual a relação entre a expressão de gênero e a violência no Carnaval?

Márcio Santilli

Guerras e polarização política bloqueiam avanços na conferência do clima

Colunista NINJA

Vitória de Milei: é preciso compor uma nova canção

Márcio Santilli

Ponto de não retorno

Renata Souza

Abril Verde: mês dedicado a luta contra o racismo religioso

Jorgetânia Ferreira

Carta a Mani – sobre Davi, amor e patriarcado

Moara Saboia

Na defesa das estatais: A Luta pela Soberania Popular em Minas Gerais

Dríade Aguiar

'Rivais' mostra que tênis a três é bom

Andréia de Jesus

PEC das drogas aprofunda racismo e violência contra juventude negra

Colunista NINJA

50 anos da Revolução dos Cravos: Portugal sai às ruas em defesa da democracia

Colunista NINJA

Não há paz para mulheres negras na política

André Menezes

“O que me move são as utopias”, diz a multiartista Elisa Lucinda

Ivana Bentes

O gosto do vivo e as vidas marrons no filme “A paixão segundo G.H.”

Márcio Santilli

Agência nacional de resolução fundiária