Duke em trajes de natação, pele escura, mãos e pés grandes. Photo de IOC

Por André Santos para cobertura colaborativa da NINJA Esporte clube

Ele ganhou cinco medalhas olímpicas, sendo três de ouro e duas de prata, foi astro de hollywood, amigo de grandes personalidades, no entanto, o que mais amava era o surf.

Em 1912 a Suécia, os Estados Unidos e o mundo ficaram impressionados com o feito de um rapaz de 20 anos, em Estocolmo, com 1,85 de altura, pés e mãos enormes e pele escura, o havaiano Duke Kahanamoku ganhou sua primeira medalha olímpica nos 100 metros estilo livre, quebrando o recorde mundial. Era sua estreia na competição. Depois disso mais quatro medalhas vieram em outras duas edições dos jogos (1920, 1924), seriam quatro participações caso não houvesse a primeira guerra mundial, 1916.

A fama o levou a Hollywood, embora nunca tenha feito enorme sucesso como ator, trabalhou ao lado de grandes artistas da época e chegou a receber no Havaí, como bom anfitrião que era, figuras como o memorável ator Charles Chaplin. Ao todo fez quatorze filmes durante sua carreira no cinema.

Ainda que fosse famoso, Kahanamoku nunca abandonou o seu estilo de vida simples e ligado ao mar. Filho de um casal nativo, cresceu nas areias de Waikiki, em Honolulu, lá aprendeu a nadar e surfar. O surfe, que chegou a ser proibido nas ilhas por missionários calvinistas, sempre esteve ligado à cultura do povo havaiano, deslizar sobre as ondas era um estilo de vida. E Duke queria mostrar isso para o mundo, e conseguiu.

Duke Kahanamoku Waikiki 1910.

Durante suas viagens de demonstração de técnicas de natação, sempre carregava consigo uma prancha de surf e fazia exibições de suas habilidades. Na Califórnia, onde morou por algum tempo, e na Austrália arrastava multidões para essas apresentações, Duke fazia todo tipo de acrobacia sobre a prancha e, já perto da areia, plantava bananeira para delírio do público presente. Na Freshwater Surf Club, que fica na praia australiana de Freshwater, ainda é possível ver a prancha em que Duke se apresentou por lá em 1915.

Duke investiu pesado na difusão do surf, construiu restaurantes, roupas e pranchas de surf, produtos assinados por ele, um campeonato com seus nome, que durante muito tempo foi considerado o mais importante do mundo do surf, chegou a ter uma equipe de competidores que contava com grandes nomes do esporte, ia a programas de tv, dava entrevistas, trabalhou incansavelmente em sua missão.

Duke Kahanamoku morreu em 22 de janeiro de 68, aos 77 anos de idade, deixando um grande legado de amor ao esporte. Esporte que estreará como modalidade olímpica nos jogos de Tóquio, é a coroação de um sonho.

Imagem imortalizada do pai do surf moderno. Foto de autor desconhecido

Kahanamoku não se apresentou no Brasil, mas a popularização do surf fez crescer aqui várias gerações de aficionados pela modalidade, tanto que hoje os brasileiros, ou o “brazilian storm” como se referem aos nossos atletas a imprensa internacional, chegam como favoritos na chave masculina e tem grandes chances na feminina.

Não importa quem vença a primeira medalha de ouro, a estreia do surf nas olimpíadas é a vitória do sonho de outro campeão olímpico, a vitória de Duke Kahanamoku.

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