Por Anna Nunes Reis, Cláudia Xavier e Jussanaira Derlline

Você precisa conhecer essas mulheres. Elas fizeram história nos Jogos Paralímpicos, muito embora pouco se fale sobre elas – pelo menos como se deveria. Conquistaram marcas históricas para seus países e deixam um legado para futuras gerações – algumas delas ainda competem nos Jogos e deram seu recado em Tóquio.

Vale ressaltar que no caso brasileiro, a edição de Tóquio trouxe um recorde em conquistas femininas. Com 7 ouros, 7 pratas e 12 bronzes, elas trazem ao Brasil 26 medalhas, ainda a somar três pódios mistos na natação. É, sim, a melhor campanha feminina da história do Brasil.

Viajando o mundo, anote o nome dessas mulheres:

BÉATRICE HESS (1961)

Beatrice está sobre cadeira de rodas, sorrindo para a camera e mostrado sua medalha. Ela está em um ginásio com piscinas e segura ramo de folhas de louro na mão e em coroa na cabeça.

Foto: Getty Images

Béatrice Pierre Hess nascida em 10 de novembro de 1961 é uma nadadora paralímpica francesa. Sendo considerada uma das melhores nadadoras do mundo de acordo com o jornal francês L’Humanité. Beatrice está em 2° lugar na lista de atletas que conquistaram pelo menos 10 medalhas de ouro em um esporte, com total de 25 (20 de ouro e 5 de prata) entre os anos de 1984-2004. Ela também quebrou nove recordes mundiais nas Paralimpíadas de 2000 em Sydney, Austrália.

Hess tem paralisia cerebral (PC), uma deficiência caracterizada por alterações neurológicas que afetam o desenvolvimento motor e cognitivo, envolvendo o movimento e postura do corpo. Hess concorre na classificação de deficiência S5, estas são classificações de natação usadas para caracterizar nadadores com base em seu nível de deficiência. Beatrice é uma estrela da natação.

DEEPA MALIK (1970)

Deepa sorri enquanto mostra sua medalha, posando para uma foto.

Foto: Governo da India

Deepa Malik é a primeira medalhista paralímpica da história de seu país, a Índia. Recentemente foi prata nos Jogos Paralímpicos Rio 2016. Nascida em Bangladore, aos seis anos de idade retirou um tumor que reapareceu 20 anos depois, em 1999. Após três cirurgias na espinha dorsal, os movimentos de suas pernas foram comprometidos e ela passou a se locomover com cadeiras de roda.

Com 30 anos de idade, começou a praticar natação e depois descobriu o arremesso de peso, em 2009. Quebrando estereótipos, ela conquistou 47 medalhas de ouro, cinco de prata e duas de bronze em competições nacionais, além de 13 medalhas internacionais. Atualmente, usa sua história, voz e visibilidade ela para ajudar a libertar outras mulheres do machismo na Índia.

“Nós, mulheres, não seguimos os nossos sonhos e nos damos a oportunidade de ir em busca de nossas paixões. O esporte me deu tanto. Me deu uma identidade. Me deu um nome, fama e um sonho a perseguir, uma voz para ganhar força, e eu acredito que eu deva retribuir tudo isso criando espaço para outras meninas treinarem. Dar a elas um lugar seguro, um refúgio.”

JOSIANE LIMA (1975)

Josiane está remando sobre a água junto a Michel Gomes na canoa

Foto: Fernando Maia/ CPB/ MPIX

Josiane sempre foi praticante de esportes, mas tinha uma paixão maior em jogar futebol. O que mais tarde a ajudou ter forte musculatura na perna para fosse preservada no acidente sofrido de moto.

É a primeira e única mulher a conquistar uma medalha nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos. No ano de 2006, começou sua carreira no remo buscando melhorias na qualidade de vida, depois de um gravíssimo acidente de motocicleta em que quase amputou a sua perna.

Em 2007, passou a ser considerada uma estrela do remo após competir e ganhar seu primeiro campeonato mundial. Um ano depois, com modalidade inserida nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, Josiane trouxe para o Brasil nossa primeira medalha da categoria.

LIS HARTEL (1921-2009)

Lis está sobre um cavalo, em uma foto em preto e branco. Ela sorri e usa cartola e paletó.

Foto via Olimpycs.org

Lis é uma das primeiras mulheres a ser aceita nos Jogos Olímpicos. No ano de 1944, aos 23 anos, a dinamarquesa Lis Hartel perdeu os movimentos dos joelhos para baixo por causa da poliomielite, suas mãos e braços foram também afetados. Sua paixão por equitação não diminuiu e ela continuou a praticar. E em 1952, conquistou sua medalha de prata em Dressage Individual, a primeira de uma mulher em uma competição contra homens. Quatro anos depois, ela ganhou outra medalha de Prata nos Jogos Olímpicos de Melbourne, Austrália.

NEROLI FAIRHALL (1994-2006)

Foto em preto e branco mostra Neroli sobre cadeira de rodas apontando seu arco

Foto: Bob Thomas Sports Photography

 

Fairhall nasceu em 26 de agosto de 1944, na Nova Zelândia. Iniciou na modalidade de tiro com arco após sofrer um acidente de moto que a paralisou da cintura para baixo. Neroli conseguiu se classificar para os Jogos Olímpicos de 1984, realizado em Los Angeles, representando seu país. Com isso, tornou-se a primeira atleta paraplégica a competir nos jogos. Neroli Fairhall participou de quatro jogos paraolímpicos, nos respectivos anos: 1972, 1980, 1988 e 2000.

TRISCHA ZORN (1964)

Foto: Getty Images

A multicampeã de natação é estadunidense e estudou na Universidade de Nebrasca. A atleta Zorn tem em sua bagagem os títulos de multicampeã dos Jogos Paralímpicos, participando da competição pela primeira vez em 1980, conquistando o ouro em todas as provas que disputou. A nadadora esteve em 7 edições dos Jogos Paraolímpicos e conquistou 32 medalhas de ouro, 9 de prata e 5 de bronze. Sim, a atleta mais bem sucedida dos Jogos Paralímpicos.

ZAHRA NEMATI

Zahra cobre seus cabelos com uma burca, beija sua medalha. Atrás dela há um painel com alvo do tiro com arco.

Foto: Tasos Katopodis

Zahra Nemati de 36 anos é uma arqueira olímpica e paralímpica iraniana. Ela é considerada arqueira olímpica pois originalmente competiu no taekwondo (uma arte marcial que ataca ou defende com as mãos e os pés a qualquer hora e em qualquer lugar sem nenhuma arma) antes de ficar paralisada devido a um acidente de carro no ano de 2003. Após o seu acidente começou a praticar arco e flecha e seis anos depois já ganhava uma medalha em todos os campeonatos em que competia.

Ela é considerada a primeira iraniana a conquistar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos ou Paralímpicos. Ela foi a porta-bandeira nas Olímpiadas de 2016 e nas Paraolimpíadas de 2021, o que é um marco na história do esporte, é a primeira arqueira a se classificar para os dois jogos no mesmo ano desde a italiana Paola Fantato em 1996. Nemoti remete em uma de suas entrevistas: “Representar como um paraolímpico enviou uma mensagem especial ao mundo”. Em Tóquio, ela ganhou sua terceira medalha de ouroparaolímpica consecutiva. Zahra Nemati é, sem dúvidas, uma das mulheres mais inspiradoras do esporte mundial.

YU CHUI YEE

Foto de perfil de Yu Chui, ela sorri para a câmera.

Foto: NPC Hong Kong

 

Quando tinha 11 anos, a atleta chinesa foi diagnosticada com câncer nos ossos, o que teve por consequência a amputação da metade de sua perna esquerda. Se recuperado da doença, praticou natação, até conhecer a esgrima de cadeira de rodas. Com o passar do tempo, estava apaixonada a complexidade tática e o duelo físico que proporciona esse esporte.

Chamada de “princesa de sete ouros de Hong Kong”, a atleta se destacou na equipe da China e em 2004 na competição de Atenas, com aos 20 anos, venceu disputas do florete da categoria A, o que a fez ser a primeira esgrimista em cadeira de rodas a ficar em primeiro lugar nas categorias individual e equipe.

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