Um pequeno agrupamento de 50 famílias se refugia há mais de dois meses na beira do Rio Paraíba, na cidade de Resende no interior do Rio de Janeiro. Mulheres, crianças, idosos e desempregados fogem da crise: a maioria vivia de aluguel ou de favor e, após perderem seus empregos – por falência de empresas na região ou por demissões ligadas à recessão – não puderam mais pagar as contas e tiveram que escolher entre comprar comida ou manter sua moradia.

Foto: Mídia NINJA

Foto: Mídia NINJA

Os barracos são feitos de materiais baratos mas preparados para durar: madeiras, telhas de amianto, lonas, chapas de metal, tijolos reutilizados. A ocupação não se trata de um protesto ou de uma ação para reivindicar diálogo e políticas públicas, mas de um ato de desespero.

“Tá tudo muito dificil, não tem emprego, não tem o que comer. Quando alguém tem alguma coisa aqui divide com todo mundo” afirma Pâmela, que morava com seu marido e sua filha de aluguel até que, após um acidente de trabalho, a empresa se negou a pagar indenização e a dona do imóvel “não quis saber, botou a gente pra fora e viemos para cá. Daqui, vamos pra onde?”

Foto: Mídia NINJA

Segundo os ocupantes, o terreno onde inicialmente se fundou a Vila pertence à rede de supermercados Carrefour e está há mais de 20 anos abandonado, sem cumprir qualquer função social. Após pressão do Justiça e de repetidas ameaças de reintegração, foram obrigados a migrar alguns metros para sair da área da gigante multinacional, assim, conseguiram sobreviver mais algumas semanas.

Eram 7 horas da manhã nessa quarta-feira (21) quando o batalhão de choque da PM batia à porta, acompanhado de uma garoa fina, do frio e de agentes do município, da cruz vermelha, do juizado de menores, entre outros responsáveis – sabe-se lá por o que. Estavam lá para acabar de forma definitiva com a Vila Unida, e com o sonho que vinha se tornando possível. Tudo parecia perdido.

Foto: Mídia NINJA

Mas algumas vezes a realidade é justa: sem qualquer advogado ou suporte jurídico, os moradores passaram quatro horas confrontando verbalmente as alegações da polícia e dos responsáveis da prefeitura, com seus documentos e o pouco que sabem do processo que tramita na justiça. As primeiras madeiras e estruturam começavam a ser retiradas e desmontadas em um clima de luto, quando a notícia chegou: o Juíz responsável revogou temporariamente a reintegração. Segue a luta com um respiro para o sonho.

Foto: Mídia NINJA