Jeff Younger, um candidato antitransgênero à Câmara do Texas, nos EUA, foi rechaçado por estudantes durante uma aparição na Universidade do Norte do Texas na noite de quarta-feira (2). Ele ficou conhecido localmente por várias condutas transfóbicas, especialmente envolvendo a própria família – ele perdeu a custódia de uma filha transexual.

Ele está concorrendo pelo partido republicano no House District 63 e atraiu gritos de “F*d**-se esses fascistas” e “direitos trans” de estudantes da escola de Denton, onde ele foi convidado a falar. A reação o forçou a encerrar sua aparição após cerca de 40 minutos, conforme relatou o site My San Antonio. Vídeos que registraram a reação dos alunos circulam nas redes.

“Younger chegou a incitar os manifestantes pedindo para fazer mais barulho e chamando-os de ‘comunistas’”, relata o site. “Outro tweet relata que Younger disse aos estudantes que ‘pessoas trans não existem’”.

Younger entrou na corrida por uma vaga na Câmara dos Deputados do Texas pelo Distrito 63 em novembro passado, depois de uma longa batalha pela custódia de seus filhos gêmeos, agora com 9 anos. Um é um menino, o outro uma menina trans. Anne Georgulas, ex-mulher de Younger e mãe dos gêmeos, é uma pediatra que apoiou a criança trans em sua transição.

Em 2019, um júri no condado de Dallas concedeu a custódia exclusiva a Georgulas, mas o juiz do caso ignorou esse veredicto e decidiu pela guarda conjunta. Younger e Georgulas continuaram a brigar pela custódia por mais dois anos e, em 2021, outro juiz do condado de Dallas concedeu a maioria dos direitos dos pais a Georgulas, enquanto permitia visitas supervisionadas a Younger, de acordo com o Courthouse News Service. No entanto, o juiz também proibiu Georgulas de permitir que a criança trans passasse por “terapia de supressão hormonal, bloqueios da puberdade e/ou cirurgia de redesignação de gênero” sem o consentimento de Younger.

Em seu site de campanha, Younger afirma que a criança não é transgênero, mas foi diagnosticada erroneamente, e diz que um médico planejava colocar a criança em bloqueadores da puberdade a partir dos 9 anos. “Precisamos de uma lei. Isso é abuso infantil, como todo conservador sabe. Até mesmo o Departamento de Família e Serviços de Proteção do Texas considera a transição médica de crianças como abuso infantil. Mas ainda assim o Legislativo não agiu”, afirmou.

Os legisladores do Texas consideraram, mas não conseguiram aprovar um projeto de lei nesse sentido no ano passado. Então, em fevereiro, o procurador-geral Ken Paxton emitiu uma opinião legal afirmando que os cuidados médicos de afirmação de gênero para crianças constituem abuso infantil. O governador Greg Abbott orientou que investiguem os pais que permitiam que seus filhos recebessem tal cuidado.

Uma família que está sendo investigada sob essa política entrou com uma ação na terça-feira (1), representada pela Lambda Legal e pela American Civil Liberties Union. Uma juíza do condado de Travis decidiu na quarta-feira que a investigação da família deve cessar, e ela agendou uma audiência para 11 de março para considerar o bloqueio da política de forma mais ampla.

Younger, em seu site de campanha, chama qualquer afirmação da identidade de crianças trans um “curso de ação experimental e prejudicial”. Isso, é claro, vai contra as opiniões da maioria das organizações médicas e de saúde mental, que observam que tanto a afirmação social quanto a médica podem salvar a vida das crianças.

Younger avançou para um segundo turno nas primárias republicanas da última terça-feira para a Câmara local, já que nenhum outro candidato recebeu a maioria dos votos. Ele e Ben Bumgarner vão competir em segundo turno em maio. O titular, republicano Tan Parker, desistiu de sua cadeira para concorrer ao Senado estadual.

Texto via Advocate