Por Francisco Paulo Queiroz

Jaylen Brown nasceu em Marietta, no subúrbio de Atlanta, uma das cidades mais violentas dos Estados Unidos. Sua mãe, Mechalle, cuidou dele e de seu irmão, Quenton, como mãe solo, ao mesmo tempo ela se dedicava a um mestrado na Universidade de Michigan. Essa dedicação e coragem da matriarca fez com que o atleta enxergasse a possibilidade de sucesso mesmo contra todas as possibilidades.

Brown passou seus anos de ensino médio jogando no time da Wheeler High School. Lá, ele ganhou vários prêmios, incluindo várias vezes o de Jogador do Ano. Como veterano, ele teve uma média de 28 pontos e 12 rebotes por jogo, enquanto liderava sua equipe para um impressionante recorde de 30-3 e um título estadual da Geórgia.

Foi no seu ensino médio que Jaylen presenciou uma história que ficou registrado em um tweet.

Em abril de 2014, seu professor lhe disse: “Em 5 anos visitarei você na cadeia”. 5 anos depois, o garoto estava em sua terceira temporada na NBA.

Foi após o ensino médio que Jaylen chamou atenção por sua inteligência. Classificado como o 3° melhor jogador do país, ele poderia escolher qualquer universidade para jogar. Assim, o invés de escolher a melhor esportivamente, ele escolheu a Universidade da Califórnia, uma das melhores em estudos sociais.

Questionado sobre a escolha, ele respondeu: “Eu sei posso jogar na NBA, mas estou procurando algo a mais”.

Além do basquete, Brown é fã de xadrez, tem interesse em novas línguas, gosta de estudar história, filosofia e também de meditar. Ainda durante a faculdade, ele começou a frequentar as aulas de mestrado em estudos culturais do esporte, uma atitude incomum até mesmo para os estudantes não atletas.

Tudo isso fez com que Jaylen levantasse uma desconfiança por parte dos analistas da NBA, eles se perguntavam “Será que ele não é muito inteligente para jogar na liga?”.

Apesar disso, Brown foi draftado pelo Boston Celtics na terceira escolha. Chegando na liga ele provou sua qualidade como jogador, mas não deixou de lado suas preocupações sociais e, aos 22 anos, foi eleito o vice-presidente mais jovem da Associação dos Jogadores. Pouco depois, ele declarou ser vegano, popularizando ainda mais a causa e mostrando que é possível um atleta ter uma alimentação alternativa.

Em 2020, durante a pandemia, Jaylen foi uma das vozes mais ativas nos protestos do Black Lives Matter. Com a liga parada, ele votou para Atlanta e comandou protestos da causa na região. Todo seu engajamento social foi reconhecido pela NBA, que entregou o prêmio de assistência à comunidade para o atleta.