Entre as capitais que iniciaram a vacinação infantil, estão São Paulo e Rio de Janeiro, onde a covid-19 avança em ritmo acelerado nestes dois estados

Vacinação infantil em Manaus. Foto: João Viana/Semcom

Diversas capitais iniciam nesta quinta-feira (17) a vacinação contra a covid-19 de crianças na faixa etária entre 6 meses e menos de três anos (2 anos, 11 meses e 29 dias). Inicialmente, serão aplicadas doses para as crianças indígenas e com comorbidades. As demais crianças ainda não possuem uma data certa, mas os pais interessados já podem inscrevê-las na “xepa”.

Entre as capitais que iniciaram a vacinação infantil, estão São Paulo e Rio de Janeiro, onde a covid-19 avança em ritmo acelerado nestes dois estados. Apenas no Rio de Janeiro, na última semana, os casos cresceram 430%.

Em setembro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou a aplicação do imunizante pediátrico da Pfizer para todas as crianças na faixa etária de seis meses a dois anos, 11 meses e 29 dias. O Ministério da Saúde, porém, só entregou os lotes de vacina nesta semana e optou por restringir a administração do produto para o público com comorbidades.

Vacinas insuficientes em SP

O jornal O Estado de S. Paulo mostrou, porém, que a quantidade de doses repassadas para a Secretaria da Saúde paulista é suficiente para imunizar apenas 1/3 das crianças com comorbidade em todo o estado.

O número de doses pediátricas da Pfizer enviadas pelo Ministério da Saúde ao Estado foi de 206 mil dose. Em São Paulo, 195 mil crianças se enquadram no público-alvo. Como a imunização se completa com a aplicação de três doses, só 68 mil pequenos poderão receber o imunizante.

Desde o início da pandemia, a gestão Jair Bolsonaro tem sido alvo de queixas pela demora na compra e na liberação das vacinas, cuja segurança e eficácia foram colocadas em xeque várias vezes pelo próprio presidente. Entidades científicas e a Organização Mundial da Saúde (OMS), no entanto, já confirmaram a segurança e a eficácia dos imunizantes, com base em acompanhamento e pesquisas.

Nova variante da Ômicron

Foto: João Viana/Semcom

No último sábado (12), a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde divulgou nota técnica alertando sobre o aumento do número de casos de covid-19 no país, em que cita a circulação da subvariante da ômicron BQ.1. Com sintomas semelhantes às variantes anteriores, a BQ.1 não é de maior gravidade, mas tem provocado hospitalizações, sobretudo entre pessoas idosas, imunossuprimidas (pacientes transplantados, oncológicos, etc.), com múltiplas comorbidades, ou entre os que estão com a vacina atrasada, ou seja, quem não tomou nenhuma dose ou está com as injeções de reforço pendentes (2ª, 3ª e 4ª doses).

No Amazonas, a Fiocruz identificou uma nova subvariante da ômicron, chamada de BE.9, que fez ressurgir a covid-19 no estado que chegou a ser o epicentro da pandemia no país no início do ano passado. Dados da Fiocruz apontam que, no período recente, a média móvel de diagnósticos positivos subiu de aproximadamente 230 para mais de mil registros por semana no Amazonas.

Já o consórcio de veículos de imprensa, que acompanha a situação da pandemia de coronavírus no Brasil, apresentou um levantamento que mostra o crescimento de 5.262 novos casos da doença em 24 horas (entre sexta e sábado). Com isso, a média móvel de casos nos últimos 7 dias foi de 8.935, com variação de aproximadamente 74% em relação a duas semanas atrás.

Entretanto, o Ministério da Saúde ainda não tem previsão para a chegada da vacina bivalente para combater as novas variantes da ômicron. Fabricada tanto pela Pfizer quanto pela Moderna, a nova versão da vacina combate várias cepas simultaneamente, como as versões BA.1 e BA.5 da ômicron, que são as duas formas do vírus com maior circulação atualmente.

A Pfizer requisitou o uso emergencial da vacina à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em outubro, porém o órgão federal ainda está analisando para liberação.

Reforço vacinal em atraso

Nas últimas semanas, o Brasil tem enfrentado uma nova onda de casos de coronavírus e médicos têm alertado sobre a necessidade de ampliar a cobertura vacinal. Segundo dados do Programa Nacional de Imunizações (PNI), cerca de 70 milhões de brasileiros ainda não voltaram aos postos para receber a primeira dose de reforço da vacina. Já 32,8 milhões de pessoas poderiam ter recebido a segunda dose de reforço contra a doença, mas ainda não se vacinaram.

Embora o Brasil possua alta cobertura vacinal no esquema primário (doses 1 e 2), é importante ressaltar a necessidade das doses de reforço para garantir uma efetiva proteção contra a Covid-19. Os imunizantes estão disponíveis em mais de 38 mil postos de vacinação em todo Brasil.

Cronograma de vacinação indefinido

Faltando pouco mais de um mês para o final do ano, o governo de Jair Bolsonaro (PL) ainda não definiu o cronograma de vacinação contra a covid-19 para 2023. A bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) no Senado Federal já acionou o Tribunal de Contas da União (TCU) para solicitar apuração de possíveis irregularidades na gestão do Plano de Imunização Nacional (PNI).

Os parlamentares ainda destacam a importância de ter a clareza dessas informações no momento de transição de governo, quando são traçados os próximos passos de políticas públicas essenciais para a população brasileira.

Com informações da Agência Estado e Rede Brasil Atual

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