Foto: Divulgação / UFAL

Um funcionário terceirizado da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) foi afastado pela instituição esta semana após uma denúncia de transfobia compartilhada nas redes por uma estudante.

Nefertiti Souza, aluna do curso de Letras, relatou por meio de um vídeo em seu perfil no Instagram que foi tratada com o pronome masculino pelo funcionário do restaurante universitário do campus A.C. Simões. Ela publicou o vídeo fazendo a denúncia de que a universidade está despreparada para questões relacionadas à transfobia e racismo na instituição.

“Quando eu o corrigi, ele o fez mais três vezes, com certeza em forma de deboche. A gente acabou tendo ali uma discussão por causa disso” disse Nefertiti. “A minha companheira, que estava comigo, foi perguntar o nome dele, falando que a gente ia tomar uma medida, que a gente ia entrar em contato com a pró-reitoria estudantil, a resposta dele foi a seguinte: ‘Eu não preciso trabalhar aqui. Eu sou concursado no interior’, demonstrando total impunidade pelo que ele faz cotidianamente, porque é um ato que não é a primeira vez que ele fez”.

Ela informou que registrou um boletim de ocorrência contra o funcionário e afirma ainda que não é a primeira vez que o mesmo homem trata com agressão estudantes da universidade. “Ele já fez isso várias outras vezes, já foi corrigido várias outras vezes, mas nunca tinha nos tratado assim, com tanta violência. Ele gritou, enfim, foi muito desconfortante”, complementou.

Nefertiti também afirmou que os alunos estão organizando uma manifestação dentro do restaurante universitário em para protesto contra a atitude do funcionário.

A Ufal informou por meio de suas redes que abriu procedimento administrativo para apurar a denúncia. No comunicado, a instituição informou que pediu à empresa o afastamento imediato do funcionário. “Será realizada reunião com todos os colaboradores do restaurante, a fim de reforçar a necessidade e importância do pleno respeito às diferenças no atendimento ao nosso público”. Em trechos do comunicado, a universidade trata o caso como “homofobia” e foi corrigida pelos estudantes, já que se trata de transfobia. Leia na íntegra abaixo:

Tivemos conhecimento, na noite de ontem (31/05/2022), de uma ocorrência envolvendo funcionário de uma empresa terceirizada, que presta serviço no Restaurante Universitário (RU) do Campus A.C. Simões, e uma estudante moradora da Residência Universitária Alagoana (RUA). A estudante alega ter sido vítima de tratamento homofóbico por parte do funcionário durante atendimento realizado no RU no dia de ontem.

Informamos, de antemão, que repudiamos qualquer espécie de ataque homofóbico, seja ele ocorrido dentro ou fora do espaço universitário. Em pleno 2022, não pode haver mais espaço para esse tipo de desrespeito. Lembramos ainda que, desde 2019, por decisão do Supremo Tribunal Federal, a homofobia está enquadrada como crime inafiançável e imprescritível. Por isso, incentivamos a todos aqueles que se sentirem desrespeitados por sua orientação sexual ou identidade de gênero que registrem Boletim de Ocorrência (o que já foi feito pela estudante) para que, dentro da lei, as autoridades competentes realizem a investigação dos fatos.

Por parte desta Pró-reitoria, informamos que, ainda na noite de ontem, notificamos a gerência do RU sobre o ocorrido. No dia de hoje, abrimos processo administrativo para registro da denúncia. Em consequência disso, a gerência do RU solicitou, à empresa contratada, o imediato afastamento do funcionário de suas funções no restaurante. Além disso, será realizada reunião com todos os colaboradores do restaurante, a fim de reforçar a necessidade e importância do pleno respeito às diferenças no atendimento ao nosso público.