Denúncia expõe troca de mensagens racistas e nazistas entre alunos de Agronomia da UEPG em um grupo de WhatsApp

Movimento estudantil faz protesto em frente a Universidade cobrando expulsão de alunos. Foto: Divulgação

Por Mauro Utida

Após a revelação de trocas de mensagens de conteúdo racista em um grupo do WhatsApp de alunos do curso de Agronomia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), a instituição determinou o afastamento cautelar de sete indiciados que podem responder criminalmente por racismo e apologia ao nazismo.

Os alunos foram denunciados ao Ministério Público do Paraná (MPPR), onde uma investigação corre sob sigilo. A UEPG informou que a conclusão do inquérito está prevista até, no mínimo, 22 de outubro. Com o término do inquérito administrativo que apura o caso, os envolvidos podem ser expulsos do quadro discente da instituição.

“O inquérito será enviado ao Ministério Público do Paraná, que já investiga o caso desde o mês passado, quando a denúncia foi encaminhada pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) da UEPG”, informou a assessoria de imprensa da Universidade.

Movimento estudantil da UEPG protesta contra o racismo. Foto: Divulgação

Alunos da UEPG já fizeram três manifestações em repúdio aos alunos que trocaram mensagens racistas e chegaram a ocupar a reitoria da universidade pedindo a expulsão dos estudantes envolvidos. Na ocasião, o movimento estudantil apresentou um documento com seis páginas com demandas contra atos nazistas.

Foto: Divulgação

Em uma das manifestações, que ocorreu no Campus de Uvaranas onde fica o curso de agronomia, foi jogada uma banana com número 22 no meio da multidão, durante a fala de um militante negro. Este episódio ocorreu na última sexta-feira (7) e na segunda-feira (10) durante um novo protesto no Campus Central houve um atentado contra os manifestantes por uma pessoa com uma caminhonete que jogou um rojão “treme terra” para intimidar o movimento. Os dois casos foram denunciados.

“Temos a ideia de que a luta é contínua e vamos pressionar a reitoria até a expulsão destes alunos acontecer, além de outros casos que denunciamos para instituição sobre outras ameaças de estudantes bolsonaristas”, declarou um integrante do Diretório Acadêmico Livre de História da UEPG.

Conteúdo racista

Imagens: Divulgação/Plural.jor.br

O episódio aconteceu em um grupo do WhatsApp de acadêmicos do curso de Agronomia e chegou ao conhecimento da direção da universidade por meio de denúncia anônima no dia 22 de agosto. Internamente, o episódio foi denunciado à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae).

As mensagens trocadas no grupo intitulado “Calourada agronomia” e a maioria do conteúdo sob investigação foi compartilhado em forma de “figurinhas” criadas a partir de imagens de conotação racista. Aparecem ainda postagens de cunho homofóbico e de símbolos nazistas. As mensagens também são contra a esquerda e em defesa de Bolsonaro.

Cotas na UEPG

A UEPG declarou que é uma instituição inclusiva, que destina 15% do total de suas vagas para cotas raciais e, desde 2018, conta com uma Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis – PRAE, a primeira das Universidades Estaduais do Paraná, na qual a Diretoria de Ações Afirmativas e Diversidade (DAAD-PRAE) atua exclusivamente com temas relacionados ao combate à discriminação.

Professora nazista afastada

Outro caso de apologia ao nazismo em Ponta Grossa ganhou destaque nacional. Uma professora de redação do Colégio Sagrada Família, identificada como Josete, foi flagrada pelos alunos no último sábado (8) fazendo um gesto de saudação nazista durante a aula. Nesta segunda (10), a instituição demitiu a mentora e declarou que não compactua com este tipo de atitude.

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