Eliesio Marubo, procurador da Unijava, em coletiva de imprensa sobre as buscas por Dom Phillips e Bruno Pereira no Vale do Javari.

O procurador da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), Eliesio Marubo desmentiu informação dada por Jair Bolsonaro sobre terem sido encontradas vísceras humanas na área de busca ao indigenista Bruno Araújo Pereira e ao jornalista britânico Dom Phillips.

“O presidente Bolsonaro anda muito mal informado, assim como a própria Funai. Não são informações verdadeiras, são mentiras, assim como muitas informações divulgadas pelos canais oficiais do governo brasileiro”.

Questionado sobre qual seria o material genético, disse: “não podemos informar”, por conta da cooperação com a investigação das forças de segurança. “Procuramos atuar de maneira a auxiliar o trabalho da polícia, não podemos dar informação sobre qual material genético foi encontrado, qual material humano foi encontrado e que foi levado para a perícia por parte da Polícia Federal. Foi um pedido da autoridade policial para que resguardássemos o trabalho daquela autoridade.” Enfático, Marubo conclui, “Não existem vísceras, nunca existiu. Ou algum outro pedaço que confirmadamente pertencessem a seres humanos”.

Sobre o comentário de Bolsonaro, disse que “está mal informado, assim como a própria Funai. Está muito mal assessorado”. Afirmou que se trata de uma inverdade, assim como muitas informações que têm sido divulgadas pelos canais oficiais do governo.

Ele também declarou que as buscas estão chegando à reta final, porque a área de busca está ficando menor e as equipes de busca, maiores.

“Diante dos vestígios [os pertences, por exemplo] que encontramos, acreditamos que esteja caminhando para o final, se tivéssemos a participação das autoridades de forma maciça, inclusive com cães farejadores, teríamos um resultado mais prático. Digo isso também, porque aumentamos nosso efetivo, mais indígenas se voluntariaram para somar à nossa frente de busca e certamente que conhecemos muito bem a região”.

Tentativa de obstrução

Segundo Marubo, Carolina Santana, advogada da família de Bruno, vai fazer o reconhecimento dos pertences e tão logo haja uma confirmação, a informação será repassada à imprensa, mediante autorização da família. O procurador reforçou o compromisso da Unijava com a verdade e disse que as informações que repercutem são checadas com a equipe de vigilância indígena que integra as buscas aos defensores dos direitos humanos e meio ambiente.

Ele denunciou que Carolina tem tido dificuldades para atuar e pediu a intervenção do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Beto Simonetti. “ A gente faz uma convocatória à ordem, para que intervenha, pois, a advogada tem suas prerrogativas ameaçadas por autoridades policiais, sobretudo por parte da Polícia Federal”, declarou. Segundo ele, além de reconhecer pertences, ela tem o direito de acompanhar o processo de investigação. “E a autoridade tem que entender, pois o advogado é essencial para a justiça, para garantir os direitos das famílias”.

Compromisso com a verdade

“E nossa equipe continua incansável nas áreas de busca porque temos compromisso com a verdade e em encontrar nosso amigo. Acreditamos sim que eles possam ser encontrados com vida, só vamos desacreditar quando encontrarmos algum vestígio que mostre que eles sucumbiram através da atividade criminosa na nossa região”.

Eliesio reclamou da nota da Funai, que afirma, “tem impedido nosso trabalho de realizar atividades de representação do nosso coletivo”. O procurador da Univaja afirma que o órgão “tem impedido nosso trabalho de realizar atividades de representação do nosso coletivo”.

Eliesio também afirmou não terem sido encontrados corpos, embora a embaixada britânica tenha repassado essa informação à mulher do jornalista Dom Phillips, nesta manhã. Assim, a Univaja e a Polícia Federal desmentiram a informação. Nas redes sociais a mulher de Bruno, Beatriz Matos questionou a ação da Embaixada do Brasil no Reino Unido.