Foto: Alessandra Tarantino/AP Photo

Por Juliane Castro e Larissa Breder

Antes de nos aprofundarmos na análise deste texto, convidamos você a refletir sobre a seguinte questão: Como seria a trajetória de um treinador da seleção principal que tivesse sob sua orientação jogadores ilustres como Iker Casillas, Andrés Iniesta, Xavi, Xabi Alonso, Carles Puyol, Sergio Busquets, David Villa, Gerard Piqué e Sergio Ramos, mas que não conseguisse conquistar nenhum título internacional?

Essa indagação tem sido colocada por muitos seguidores do futebol feminino espanhol ao longo dos anos. Entretanto, para compreendermos de maneira mais abrangente a situação do treinador da seleção espanhola, é necessário voltarmos um pouco no tempo.

Jorge Vilda começou sua trajetória como assistente nas seleções femininas sub-17 e sub-19. Em 2009, assumiu o papel de treinador principal da equipe sub-17, alcançando dois títulos europeus. Em 2014, assumiu a liderança da seleção sub-19, conquistando o vice-campeonato europeu por duas vezes consecutivas. Em 2015, deu um passo à frente e assumiu a seleção principal. No entanto, desde então, tem enfrentado dificuldades para alcançar resultados satisfatórios. Mas por que exatamente esses resultados têm sido tão cobrados desde 2019 e, de maneira ainda mais intensa, após a Euro 2022?

A pergunta inicial ganha ainda mais relevância nesse contexto. A pressão por conquistas é imensa, principalmente porque essa geração espanhola é considerada por muitos como a “geração de ouro” do futebol feminino, o que torna a inabilidade de traduzir conquistas individuais em títulos coletivos algo altamente questionável. Nomes de destaque no futebol espanhol, como Alexia Putellas, Aitana Bonmatí, María León, Jenni Hermoso, Paredes, Paños, Claudia Pina e diversas outras compõem essa geração. Essas jogadoras têm no currículo títulos da Liga dos Campeões, prêmios de melhores do mundo e presenças na seleção da FIFA. No entanto, essas realizações individuais não têm se refletido no sucesso da seleção nacional, o que levanta dúvidas sobre a capacidade de Jorge como treinador.

Foto: REUTERS/Hannah Mckay

O ponto mais crítico da controvérsia surgiu quando a federação tornou pública uma conversa entre as capitãs da seleção e os dirigentes, na qual foi solicitada a saída de Jorge devido a dúvidas sobre suas abordagens de trabalho e alegações de invasão de privacidade das jogadoras. A exposição desse diálogo levou as jogadoras a redigirem uma carta expressando sua insatisfação com a forma como a federação tratou a equipe técnica de Jorge.

Após algumas concessões por parte da federação, como a inclusão de uma nutricionista e uma equipe médica na comissão técnica, algumas jogadoras aceitaram participar da Copa de 2023. Contudo, nomes importantes se recusaram a retornar enquanto Jorge permanecesse como treinador. O desconforto entre as jogadoras que permaneceram na seleção é visível.

Essa situação destaca a complexidade da jornada de Jorge Vilda. Sua relação intrínseca com o futebol remonta à sua infância, influenciada pela carreira de seu pai, Ángel Vilda, um renomado preparador físico. A trajetória de Jorge foi marcada por conquistas notáveis nas categorias de base do futebol feminino, mas sua experiência na seleção principal tem sido permeada por desafios. A recente polêmica, envolvendo a exclusão de 15 jogadoras da convocação e sua recusa em renunciar, acrescenta mais um capítulo a essa narrativa.

A busca por respostas persiste, e a incerteza quanto ao futuro da seleção espanhola feminina permanece. O que está claro é que Jorge Vilda continuará sendo foco de atenção e discussão enquanto os eventos deste capítulo do futebol espanhol se desenrolam.

Com informações de El Mundo, Goal, El Confidencial, The Guardian, Sky Sports, G1, TNT, Terra e Mundo Esportivo

Texto produzido em cobertura colaborativa da NINJA Esporte Clube