A Universidade Federal do Paraná (UFPR) afastou 25 estudantes de medicina veterinária suspeitos de aplicar trote que deixou calouros com queimaduras de 1º e 2º graus no campus de Palotina, no oeste do estado.

Conforme a universidade, o afastamento é preventivo e tem prazo de 30 dias que podem ser prorrogáveis, a depender do processo de apuração dos fatos. Este é o tempo informado pela Polícia Civil, para conclusão do inquérito sobre o caso. No momento, a investigação continua a ouvir testemunhas.

“Estamos na fase de ouvir testemunhas, mas o inquérito está bastante adiantado. Nós temos elementos para indiciar os quatro suspeitos. Mandamos para a perícia o produto (utilizado no trote) para saber se consta algum outro componente além de creolina”, informou ao G1 o delegado Pedro Lucena.

Quatro veteranos haviam sido presos e três deles já foram liberados após pagarem fiança. Uma estudante continua detida.

Muitos calouros que foram vítimas do trote estão sob acompanhamento médico e psicológico e foram dispensados de frequentar as aulas para cuidar da saúde e seguir o tratamento adequado.

O reitor da UFPR, Ricardo Marcelo Fonseca, em novo vídeo divulgado nesta terça-feira, 5, reforçou que situações de violência na recepção de calouros não serão mais tolerados. “Vamos acabar de uma vez por todas”.

Foto: Arquivo

O trote

Os calouros relataram cenas assustadoras do trote que sofreram de alunos do segundo, terceiro e quarto períodos. Mais de 20 alunos sofreram queimaduras de 1º e 2º grau após quando veteranos jogaram um líquido ainda não identificado que estava em embalagem de creolina, um produto de uso veterinário (uma mistura de desinfetante e germicida de uso veterinário).

“Tinha gente chorando, desesperado e tremendo de dor. Uma colega chegou a desmaiar com tanta dor. Foi uma cena caótica e bem traumatizante”, disse uma das estudantes ao UOL.

A “cerimônia” do trote foi realizada na noite do dia 30 de março em um terreno baldio na frente da universidade. Os alunos novatos foram ao local encurralados pelos veteranos após pedirem dinheiro no sinal. Eles acreditavam, no entanto, que a festa teria apenas brincadeiras leves.

“Era para ser só uma brincadeira, algo bem lúdico. Um trote clássico, com leite azedo, lama e cebola”, contou uma das estudantes ao UOL. “Foi quando vi que eles estavam com uma garrafa com um produto dentro e falaram que seria desinfetante. Fui a primeira pessoa que jogaram isso e tive queimaduras de 1º e 2º grau pelo corpo. Enquanto eu gritava, eles continuavam passando o produto em outras pessoas”.

Calouros sofrem queimaduras de 1º e 2º grau no corpo em trote da UFPR