O Centro de Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves emitiu uma nota sobre o caso de trabalhadores em situação análoga a escravidão que foram recentemente resgatados. Na nota a entidade afirma que as vinícolas desconheciam a prática da empresa com trabalhadores terceirizados e temporários, e que se preocupa com o bem estar de seus colaboradores e trabalhadores. Mas ao final da nota, expõe que escravizar pessoas tem relação também com o fato de que há mão de obra inativa que não trabalha porque sobrevive de “um sistema assistencialista”, quase numa justificativa da manutenção da situação em que estas pessoas viviam, e como se a culpa não fosse de quem escraviza, mas sim, das pessoas que utilizam os programas sociais.

Trabalhadores foram levados para ginásio de Bento Gonçalves. Foto: Divulgação/MPT

O trecho diz: “Situações como esta, infelizmente, estão também relacionadas a um problema que há muito tempo vem sendo enfatizado e trabalhado pelo CIC-BG e Poder Público local: a falta de mão de obra e a necessidade de investir em projetos e iniciativas que permitam minimizar este grande problema. Há uma larga parcela da população com plenas condições produtivas e que, mesmo assim, encontra-se inativa, sobrevivendo através de um sistema assistencialista que nada tem de salutar para a sociedade.”

Mais de 200 trabalhadores vindos da Bahia foram resgatados em um alojamento em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, onde estavam vivendo em condições degradantes e trabalho análogo a escravidão. Eles foram contratados por uma empresa que oferecia a mão de obra para as vinícolas Aurora, Cooperativa Garibaldi, Salton e produtores rurais da região. Durante o período que ficaram contratados, os trabalhadores contraíram dívidas porque só podiam comprar produtos em locais específicos e mais caros, tiveram suas famílias ameaçadas, foram agredidos com choques e spray de pimenta.

A empresa responsável é a Fênix Serviços Administrativos e Apoio a Gestão de Saúde LTDA. Pedro Augusto de Oliveira Santana, responsável pelo alojamento onde os trabalhadores viviam foi preso mas pagou fiança e vai responder em liberdade.

Dos trabalhadores, parte já retornou à Bahia, outros ainda vão voltar. Eles devem receber uma indenização até esta terça-feira, 28. Isso não retira os direitos trabalhista e não paga os contratos de trabalho.