Lembra de Luiz Carlos Justino? Há dois anos seu rosto circulou nas mídias por conta uma prisão injusta que sofreu no Rio de Janeiro. Nesta semana, ele reapareceu nas mídias, desta vez como merece. Com o violoncelo no colo, exercendo seu ofício, Justino trouxe à memória seu caso em depoimento no programa do Domingão, da TV Globo.

“Eu ainda estou me construindo de dentro pra fora”, disse. “Estou fazendo tratamento pra eu poder me reconhecer de novo. Tiraram minha dignidade toda, tiraram meu chão. A gente de comunidade não pode andar descalço, sem camisa, sem ser julgado ou perseguido”.

Justino lamenta que mesmo tendo passado dois anos, é comum ver nos noticiários outros casos como o dele.

Morador de uma comunidade, o violoncelista de 22 anos integra desde os 6 o projeto da Orquestra de Cordas da Grota, da comunidade chamada de Grota do Surucucu, em Niterói. Ele voltava de uma apresentação em uma das avenidas da cidade, junto com outros dois músicos, quando foi abordado por policiais e preso por “desconfiança”. Foi enviado rapidamente para um presídio mesmo com alvará de soltura expedido e sem provas de crime algum.

Luiz passou quatro noites na prisão por um assalto que não cometeu. Ele teria sido reconhecido pela vítima a partir de uma fotografia do banco de imagens da Polícia.

O assalto ocorreu no bairro de Vila Progresso, também em Niterói. No entanto, no mesmo dia e horário do crime Justino estava se apresentando com a Orquestra em uma padaria. Apesar de ter sido solto, ele continuou respondendo ao processo.

Na saída da audiência, o músico disse estar aliviado e esperar que casos como o dele não voltem a se repetir.

A advogada do músico, Maria Clara Mendonça, informou que ele foi absolvido sumariamente, com as provas sendo consideradas ilegais.

Em apoio a Luiz Carlos Justino, colegas da Orquestra da Grota estiveram no Fórum à época de sua absolvição e se apresentaram na calçada do prédio. O presidente do Espaço Cultural da Grota, Paulo de Tarso, disse que a justiça foi feita após o que chamou de “pesadelo acordado” e também espera que o caso se torne um marco.

Com informações de Agência Brasil