“Mídia e Conservadorismo, O Globo, A Folha de São Paulo e a Ascensão do Bolsonarismo ” foi vetada devido lei eleitoral, diz Universidade

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Por Renata Renovato

Até que ponto há liberdade de divulgação de uma pesquisa acadêmica em espaço acadêmico? Dependendo do assunto, ela pode ser impedida, por lei, de ser divulgada institucionalmente?

Uma recém doutora do curso de serviço social, Fabíola Mendonça de Vasconcelos, defendeu sua tese de doutorado com o tema: “Mídia e Conservadorismo, O Globo, A Folha de São Paulo e a Ascensão do Bolsonarismo” no dia 11 de agosto, com menção honrosa da Capes.

Apesar deste feito, a tese não pôde ser divulgada, nos meios internos da própria universidade, onde Fabíola acaba de concluir seu doutorado.

Esta restrição foi feita, segundo uma reportagem publicada na Veja, pelo assessor de comunicação da própria universidade, citando a Lei complementar número 64 de 1990, em mensagem para o orientador da tese. Haveria, segundo ele, durante o período de três meses que antecedem o período eleitoral, a vedação de publicidade institucional referente às eleições.

O caso revoltou o meio acadêmico e, segundo o orientador da tese de Fabíola, Marco Mondaine, é inadmissível que uma tese de cunho acadêmico seja considerada uma ‘peça de publicidade institucional’.

Segundo a reportagem, após publicação da nota, o superintendente de comunicação da UFPE, Bruno Pedrosa Nogueira, informou que, em momento algum, a publicação da tese foi impedida. Segundo o comunicador, o que houve foi uma informação dada, por uma repórter, à autora da tese, doutora Fabíola Mendonça de Vasconcelos, sobre a possibilidade de a pesquisa não poder ser publicada antes de outubro, devido a eleição.

O comunicador seguiu dizendo que havia conversado com Fabíola no mesmo dia de sua declaração à Veja, mas que o orientador de Fabíola não tinha atendido suas ligações até então.

O fato é que o artigo 73, da lei 9504 e não LC 64, como informa a reportagem, existe, proibindo publicidade de atos, obras, serviços e campanhas a nível institucional para agentes públicos, mas, será que uma pesquisa acadêmica, com menção honrosa da Capes, estaria inserida nestes termos, ou houve uma tentativa de censura?

A Tese faz uma análise esmiuçada da ascensão do bolsonarismo no Brasil com o apoio de mídias influentes e, pesquisando o repertório digital da UFPE, encontrei a tese, em formato digital, de 277 páginas. Em seu abstract, a pesquisadora toca em temas como a indústria da desinformação, e o papel ideológico da mídia.

Discorrendo sobre como mídias como “O Globo e a Folha contribuíram para criar um ambiente político-eleitoral favorável ao então candidato, estimulando e retroalimentando a antipolítica e o antipetismo.”

Vale a leitura e reflexão. Leia aqui.