Foto: Mídia NINJA

Por Mariana Gama

Emanuelle Porto, de 25 anos, moradora de Campos dos Goytacazes (RJ), foi agredida pelo ex-companheiro. O caso tomou proporção quando a DEAM (Delegacia de Atendimento a Mulher) deixou claro o descaso com que tratou a tentativa de feminicídio. Pouco depois de libertar o agressor, que pagou fiança de R$ 1.000, a delegacia publicou uma nota em que dizia que a agressão havia sido leve. Ao reclamar de fortes dores no ouvido, Emanuelle voltou à delegacia, onde foi novamente examinada e teve constatada a perfuração em seu tímpano.

“Quero que a justiça seja feita”, disse Emanuelle à Mídia Ninja.

Somente em 1985 foi inaugurada a Delegacia da Mulher em São Paulo, e no ano seguinte no Rio de Janeiro. Muitas cidades no Brasil ainda não têm atendimento específico para mulheres. Em 2018 foram registrados 1.173 casos de feminicídio, e em 2019, mais de 200 casos.

A falta de credibilidade com que as vítimas são tratadas desestimula muitas dessas mulheres a abrirem boletins de ocorrências. Apesar de termos a Lei 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, a sua aplicabilidade nas diversas camadas sociais ainda é falha pelo poder público, que não ampara essas mulheres como deveria. Em diversas delegacias, o acolhimento das vítimas é feito por homens, o que deixa as vítimas desconfortáveis, com vergonha e as desencoraja a avançar com as denúncias.

Após o ocorrido, Emanuelle se posicionou nas redes sociais:

“Queria dizer a todas as mulheres que foram vitimas de algum abuso ou agressão e foram atendidas pela DEAM: estou dando print em todos os relatos que estou recebendo e vou apresentar todos eles a delegada responsável e a Comissão de Direitos da Mulher. Se em algum momento você pensou que ficou sozinha e injustiçada… agora você será ouvida! A sua luta é minha luta. E  agora ela é de todas nós!”