Foto: Matheus Carvalho

Por Talíria Petrone

Hora de falar sério e fazer o debate. Eu ESCOLHI ser mãe e sigo defendendo a legalização do aborto. A MINHA escolha não é a escolha de todas as mulheres. Do mesmo modo, o direito ao aborto seguro não obriga mulheres a interromperem a gravidez. E por que legalizar? Nós explicamos:

Defender a legalização não é defender o aborto. A fé e valores individuais devem ser preservados para quem for contra, mas não podem motivar leis num Estado Laico e que deve servir ao bem comum. Evidências, ciência e estatísticas devem motivar legislações.

E o aborto ilegal é uma das principais causas de mortes maternas, sendo a maioria negras e pobres. As ricas (parte delas religiosas, aliás) têm acesso ao aborto seguro porque podem pagar. Isso é questão de saúde pública, não de polícia. É papel do Estado garantir a vida das mulheres.

A ilegalidade do aborto não impede que ele ocorra. São quase 1 milhão por ano aqui no Brasil. Mulheres e pessoas com útero interrompem a gravidez por desespero, medo, falta de condições. São tantos os motivos e nunca é algo confortável. Mas com tanto abandono paterno, a culpa é da mulher por que mesmo?

Não é verdade que caso seja legalizado, o aborto será usado como método contraceptivo. Países onde o aborto é legal mostram o oposto. Esse argumento é absurdo e anti-evidência! A legalização aumenta a possibilidade de informação, o acolhimento e o debate sobre gestação indesejada.

Os mesmos que mentem sobre o significado da legalização do aborto, dialogando com a desinformação e o fundamentalismo religioso, são contra a prevenção à gestação indesejada. São os mesmos que nos atacam, incentivam o ódio contra nós e apoiam a retirada de direitos das mulheres. Não querem falar sobre educação sexual nas escolas, pois interditam debate tão importante!

Defender que o aborto é questão de saúde pública e que interfere no corpo da mulher e de pessoas com útero é defender a vida! Educação sexual para prevenir; contraceptivos para não engravidar; aborto legal, público e seguro para não morrer!

Talíria Petrone é deputada federal pelo PSOL, professora de História, negra, feminista, ecossocialista.