Por Patrick Simão / Além Da Arena

Quando se fala de futebol feminino no continente africano, a grande referência é a Nigéria. O país foi campeão de 11 das 14 edições do Campeonato Africano e é a grande referência histórica do continente. A competição é realizada desde 1991 e teve o domínio de diversas gerações nigerianas, sempre com destaques no meio-campo.

A melhor campanha nigeriana em Copas do Mundo foram as quartas de final em 1999, quando foram superadas pelo Brasil em um dos maiores jogos da história do torneio, por 4 a 3. Nas Olimpíadas, a Nigéria chegou às quartas em 2004.

Conhecidas como ‘Super Falcons’, elas tiveram jogadoras símbolos em 3 gerações diferentes e encaminham uma 4ª leva de destaques. Nos anos 90, as referências foram as meio-campistas Mercy Akide e Nikuere Asieme, ambas sendo importantes para a campanha da Copa de 1999.

 

Mercy Akide na Copa do Mundo de 1999 (Foto: Reprodução)

 

Nos anos 2000 a meio-campista Perpetua Nkwocha foi o grande símbolo, conquistando 5 títulos africanos entre 2002 e 2014, sendo a artilheira do torneio em 4 ocasiões. O legado de Perpetua se perpetuou através de Asisat Oshoala, a grande protagonista nigeriana atualmente.

 

Perpetua Nkwocha jogando pela Nigéria (Getty Images)

 

Nkwocha já havia se destacado no forte futebol sueco jogando por 8 anos no Sunnana SK, mas Oshoala elevou ainda mais o patamar internacional do futebol nigeriano. Com passagens por Liverpool e Arsenal, a meio-campista chegou em 2019 ao Barcelona, onde é bicampeã da Champions League e tricampeã da La Liga, Copa da Rainha e Supercopa espanhola.

Considerada a melhor jogadora africana da atualidade, Oshoala começou a jogar na Seleção desde 2014, logo após ser artilheira e vice-campeã da Copa do Mundo sub-20. Ela já conquistou 3 Campeonatos Africanos por seu país. Com 28 anos, pode manter seu legado por, no mínimo, mais duas Copas do Mundo.

 

Asisat Oshoala (Foto: FIFA)

 

Agora outra geração dá esperança à continuidade do sucesso nigeriano no futebol feminino, apesar da importante e positiva ascensão de África do Sul, Marrocos e Zâmbia. Em 2022, as Super Falcões fizeram uma grande Copa do Mundo sub-17, eliminando os Estados Unidos nas quartas de final e chegando ao 3º lugar. Na semifinal, caíram para a Nigéria e, na sequência, venceram a Alemanha.

Apesar do sucesso instantâneo e contínuo, a Nigéria profissionalizou o futebol feminino apenas em 1978 e teve seu campeonato nacional iniciado somente em 1990. No entanto, sempre houve uma jogadora e gerações que potencializaram este crescimento: primeiro em conquistas e predominância técnica, depois em visibilidade.

A Nigéria chegou à Copa do Mundo de 2023 com um grande resultado: empatou em 0 a 0 com o Canadá, atual campeão olímpico. O principal destaque foi a jovem goleira de 22 anos Chiamaka Nnadozie, que inclusive defendeu um pênalti de Sinclair, uma das maiores jogadoras da história. Dia 27/07, às 7 horas, elas duelam com a Austrália e, dia 31/07, com a Irlanda. O 2º jogo do grupo é decisivo para que as nigerianas avancem de fase.

A Seleção atual tem grande inserção nos clubes europeus, com 21 das 25 jogadoras convocadas. Além delas, há 3 atletas atuando nos Estados Unidos, enquanto Deborah Abiodun, de 19 anos, é a única atleta que joga na Nigéria atualmente.

 

Chiamaka Nnadozie defendeu o pênalti de Sinclair na estreia contra o Canadá (Foto: FIFA)