O procurador Augusto Aras corre o risco de ser investigado por conta de sua proximidade com empresários bolsonaristas alvos da operação da Polícia Federal

Foto: Sérgio Lima / Poder 360

Na noite dessa terça-feira (30), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestar sobre o pedido para levantar o sigilo das conversas entre empresários bolsonaristas e o procurador-geral da República Augusto Aras.

As mensagens foram encontradas depois que a Polícia Federal (PF) apreendeu os celulares dos empresários na semana passada, como revelou o portal Jota. Moraes autorizou a operação por ver risco de financiamento de atos contra a democracia.

O pedido para tornar as conversas públicas é assinado pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Renan Calheiros (MDB-AL), Humberto Costa (PT-PE) e Fabiano Contarato (PT-ES). As trocas de conversas entre Augusto Aras e empresários bolsonaristas aumentaram a pressão pelo impeachment do procurador, conhecido pela oposição como “engavetador-geral da República”.

“O conhecimento público acerca dos temas realmente tratados nas conversas mantidas entre altíssimas autoridades públicas e empresários adeptos a tensões antidemocráticas é uma medida necessária, justamente para que haja um escrutínio social e amplo das reais intenções de determinadas autoridades federais”, diz um trecho da representação.

Os parlamentares afirmam que, caso o sigilo seja necessário para resguardar o andamento da investigação, o material seja compartilhado com o Senado Federal. A Casa Legislativa é responsável por processar eventuais ações de impeachment contra o procurador-geral da República.

Alvos da operação

O ministro do STF Alexandre Moraes foi quem solicitou a operação que teve entre seus alvos os empresários Luciano Hang (dono da Havan), Marco Aurélio Raimundo (Mormaii), José Isaac Peres (rede de shopping centers Multiplan), Ivan Wrobel (Construtora W3), José Koury (Barra World Shopping), André Tissot (Grupo Serra), Meyer Nigri (Tecnisa) e Afrânio Barreira (Grupo Coco Bambu).

O procurador Augusto Aras ainda corre o risco de atrair suspeitas por conta de sua proximidade com o empresário Meyer Nigri, um dos alvos da operação, a quem Aras prestou homenagem em diversas ocasiões.

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