
Foto: Suamy Beydoun
Em qualquer manifestação de professores, fique do lado deles. Eles geralmente estão certos. Confira o relato da professora Raquel Oliveira, postado nas redes sociais hoje após o ataque da GCM e da PM aos servidores públicos na Câmara de Vereadores:
“Cheguei à câmara às 14h.
Muita gente do lado de fora, pacificamente, e do lado de dentro, gritando palavras de ordem.
Dirigi-me para dentro, onde a pressão estava mais forte. Logo começaram as bombas de gás, correria e tumulto.
Choro de raiva.
Encontrei alguns companheiros da Zona Leste, ficamos encurralados, nos sentamos e começamos sufocar. Tentamos manter a calma, mas logo um grupo de policiais do choque nos abordou, mandando levantar e nos dirigir a saída.
Vejo professores com as mãos para cima, como se fossem bandidos.
Choro de humilhação.
Um dos policias fala conosco com a boca espumando e com os olhos tão esbugalhados que dá um misto de medo e pena.
Vê-se que não têm organização, tática ou qualquer tipo de preparo para lidar com a mais simples das situações.
“Ei, você aí, fardado, também é explorado!”.
Enquanto nos retiramos pacificamente e outros permanecem sentados, os PMs acham necessário atirar balas de borracha.
Corremos. Lá fora, gás e bomba por todos os lados. Perdi meus companheiros.
Choro de tristeza. Choro de ardor do gás.
Entro num restaurante. Sufocada, recebo ajuda.
Uma bibliotecária – também em greve – me abana, me dá água.
Entra outra professora gritando, pedindo socorro.
Ela estava fugindo dos cachorros do choque.
CACHORROS.
Soltaram os cachorros em cima dos professores.
Choro de revolta.
Mais bombas, a fumaça entra no restaurante, as garçonetes começam a sufocar. Subimos para o segundo andar.
Vejo as ruas vazias, poucos corajosos esparsos…
O choque, em formação, caça os pequenos grupos e atira contra eles.
“Que vergonha, que VERGONHA deve ser bater em professor para ter o que comer”.
Choro de desespero.
Vejo um ferido na calçada. Assim que a polícia se afasta e as bombas cessam, vejo surgir de todos os lados, PROFESSORES.
Professores tomando suas posições em frente à câmara novamente, punhos cerrados, erguidos: “NÃO TEM ARREGO!”, gritam.
Desço, incrédula. As ruas estão tomadas, abarrotadas. Ninguém arredou pé. Choro, dessa vez de orgulho.
Não sei se conseguiremos parar o prefake que administra a cidade como quem manda no parquinho do prédio…
Podemos até perder essa batalha.
Mas jamais sairemos derrotados. Não tem arrego!”