O webprograma Narrativas de Brasis é um desdobramento do livro Tropifagia: comendo o país tropical (Edufba, 2020, 337p.) e está no ar na TV Ninja – no Youtube.

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O décimo terceiro episódio do Narrativas de Brasis, Sociedade Tragicômica, debate o papel do humor na política, as imbricações e paradoxos do entretenimento na sociedade, a internet como propagadora de novas configurações sociais, e
o papel político da esquerda na conjuntura atual do país. Com a participação do ator e humorista Gregório Duvivier, do
sociólogo e ex-ministro da Cultura Juca Ferreira, do professor de história e vereador pelo PSOL do Rio de Janeiro Tarcísio
Motta, da midialivrista Dríade Aguiar, da colunista e assessora parlamentar Lana de Holanda, e do artista visual Heberth
Sobral.

Gregório Duvivier analisa o humor e a identificação política que ele propicia entre candidatos e eleitores. Para Duvivier, a vitória da extrema-direita na eleição de 2018 se deu sobretudo por mecanismos de humor, e que, a maioria da população vota ao se identificar com memes e piadas que geram identificação imediata com o candidato que escolhem. Jogando pitadas de problematizações sobre política e sociedade, o ator afirma que “a revolução será engraçada ou ela não será”.

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Juca Ferreira aponta o papel do Estado Democrático no desenvolvimento cultural do país e faz uma série de reflexões sobre o papel do campo progressista na arena política brasileira. Elencando pontos da conjuntura política que levou a extrema-direita ao poder, o ex-ministro da Cultura ressalta a importância da politização e da mobilização de distintos setores sociais para mudar o quadro político atual do Brasil.

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Tarcísio Motta revela interesses ocultos por trás do golpe de 2016, com uma agenda neoliberal de agressão a direitos, e questões estruturais problemáticas que os governos de esquerda não enfrentaram politicamente. O vereador também faz uma colocação sobre a natureza imprevisível da história e que ainda viveremos dias muito difíceis pela frente.

Dríade Aguiar fala sobre o apagamento histórico ao qual pessoas negras foram submetidas e como esse processo fica
evidente por exemplo em programas de televisão e novelas. Para a midialivrista, a internet tem sido um espaço importante na democratização e construção de outras narrativas a fim de possibilitar a participação de outros agentes nos debates de questões sociais.

Lana de Holanda critica a estrutura midiática hegemônica que se alinha a interesses financeiros da elite econômica e que
preserva o atual governo em sua agenda ultraliberal. Para a colunista e assessora parlamentar, outra análise importante é
a de que os movimentos sociais ainda não conseguiram penetrar na base social para fazê-la compreender pontos importantes da agenda de direitos humanos e outros direitos.

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Heberth Sobral aponta aspectos problemáticos do entretenimento na sociedade e como ele cria situações embaraçosas e tragicômicas. Como exemplo, o artista visual cita o exemplo de reportagens de denúncia de falta d’água e como as pessoas afetadas se portam de maneira espetacularizada. Ou ainda o fato de que os moradores de bairros de elite gostam do filme Tropa de Elite e os moradores de favelas não, o que revela que quando a violência é com o outro ela se torna entretenimento.

Ao fim, as convidadas e convidados respondem à provocação central do programa: “O que é o Brasil pra você?”

Para saber mais sobre o Narrativas de Brasis siga @tropifagia no Instagram.