Fachada do shopping Higienópolis (Reprodução/Facebook)

por Jorge Ferreira / Mídia NINJA

Localizado na região central de São Paulo, bairro cujos moradores se posicionaram contra a construção de uma estação de metrô com a justificava de que isso atrairia “gente diferenciada”, o shopping Higienópolis dessa vez entrou na Justiça requerendo o direito de apreender menores de idade desacompanhados e entregá-los à Polícia Militar. Apesar de ser frequentado por adolescentes moradores do bairro, brancos e oriundos da classe média paulistana, o alvo do pedido são as crianças em situação de rua, alegando que os mesmos intimidam os tradicionais frequentadores do estabelecimento.

A juíza Mônica Arnoni, da Vara da infância e da Juventude, negou o pedido alegando tentativa do shopping de obter “um salvo-conduto para efetivar no estabelecimento uma genuína higiene social”, completou ainda demonstrando que a política, se adotada, lembraria a doutrina “separados mas iguais”, em vigor durante a segregação racial nos EUA. Por fim a magistrada destacou ainda a capacidade econômica do shopping em criar programas de auxílio àqueles indesejáveis pelo empreendimento.

As práticas segregacionistas tem origem na formação do bairro, que foi ocupado ainda no século XIX pela aristocracia do café, fazendeiros, empresários. Por isso apesar do shopping ter sido construído a muitas mãos negras, a população preta só é bem-vinda no espaço se for para limpar o chão, ser atendente nas lojas, ou garantir a segurança da branquitude que frequenta o local.

O advogado do shopping, Daniel Bialski, lamentou que tenham “pegado uma juíza com cabeça diferente”, e por isso irá recorrer da decisão, além de garantir que os seguranças do shopping continuarão a intervir se as crianças e adolescentes causarem transtorno aos frequentadores.