Por Gabriela Nascimento

Durante o mês de setembro, o Brasil inteiro se mobiliza em prol da saúde mental. Diversos segmentos, sejam eles comerciais ou projetos sociais, se juntam para promover atividades e campanhas com intuito de combater a depressão, ansiedade, entre outros transtornos mentais. Setembro amarelo é considerado o mês de prevenção ao suicídio, e é claro que o esporte não ia ficar de fora dessa campanha. Sabemos que muitos atletas sofrem com esses problemas, e que em muitos casos acabam afetando a sua carreira e o seu desempenho profissional.

Os atletas de todas as categorias lidam com diversos sentimentos durante as competições e durante a suas trajetórias, sejam elas vitórias, frustrações, derrotas, cobranças, esforços, renúncias ou outros sentimentos. Os competidores lidam com um peso muito grande quando se trata da sua carreira profissional. Além disso, muitos têm problemas fora do âmbito de competição, muitos são filhos(as), pais, mães etc. Ou seja, existe vida após os ambientes de trabalho, e competição.

Sabemos que o esporte oferece muitos benefícios para a saúde, e a partir disso, compreendemos que uma boa gestão esportiva que entenda o papel do esporte e os desafios que os atletas enfrentam depois que escolhe o esporte como profissão. É notório que após essa escolha muitos atletas começam a enfrentar alguns desafios, e uma necessidade maior de suprir demandas externas.

Para que tudo ocorra da melhor forma possível para os atletas, é essencial a parceria do esporte com a saúde mental e física. Muitos competidores, de modo geral, já tiveram que lidar com competições distantes das suas realidades, seja em outros países com outras culturas, ou mesmo nas competições que tiveram que passar longe das suas famílias por um tempo maior.

Partindo dessa ideia, o preparo psicológico auxilia bastante para conseguir lidar com essas divergências, um atleta bem preparado mentalmente conseguem atingir um desenvolvimento melhor, e a partir disso, o que poderia ocasionar em problemas futuros, não tem espaço para se proliferar.

Outro fator importante é o acolhimento por parte da instituição de esporte, de familiares e amigos, querendo ou não, atualmente os problemas relacionados à saúde mental ainda é considerado um tabu para a sociedade, portanto esse acolhimento é essencial para que o atleta consiga lidar melhor com tudo o que ele está sentindo naquele momento.

As psicólogas Andreia Cardoso e Maria Helena Rodriguez falaram sobre como o tratamento psicológico pode ser feito em publicação do Gente Globo. Elas afirmam que “é fundamental que o trabalho do psicólogo do esporte seja feito de modo contínuo, que seja realmente um acompanhamento, e não só um trabalho esporádico ou apenas preparatório para competições, para que seja possível a prevenção de problemas ou transtornos e não o tratamento de questões traumáticas já instauradas, que podem suspender ou paralisar a carreira do atleta para que sejam tratadas”.

Uma comprovação disso, foi o caso de afastamento do surfista e campeão mundial Gabriel Medina, por questões físicas e psicológicas.

“No ano passado, vivi uma montanha russa de emoções dentro e fora da água, o que afetou muito minha saúde mental e física. Ao final da temporada, eu estava completamente esgotado. Cheguei no meu limite… A saúde mental é muito importante. Preciso estar 100% mentalmente para voltar a competir. Voltarei mais forte, amo vocês e obrigado por tudo”, afirmou o atleta em suas redes sociais.

A ginasta norte-americana, Simone Biles, se afastou por questões psicológicas. Ela deixou de competir diversas vezes por “bloqueios mentais”, segundo Billes, por muitas vezes ela sentiu o peso do mundo em seus ombros e nunca deu muita importância para isso. Porém, chegou um momento em que essa cobrança acabou afetando o seu desempenho, e tornando as coisas mais difíceis. Já faz dois anos que ela se afastou para cuidar da sua saúde física e mental, e recentemente ela afirmou estar se sentindo melhor e que pretende participar da próxima competição.

A pressão por parte da sociedade para que os atletas entregam bons resultados implica na sua performance, pois em muitos casos esses atletas são vistos como robôs, com rotinas exaustivas. A falta de momentos de lazer com seus entes queridos, podem deixar esses competidores mais vulneráveis, que pode ocasionar em um aumento de pensamentos negativos. Então entenda-se que o equilíbrio é a chave para viver com harmonia, é necessário enxergar a saúde mental também como prioridade, assim como a saúde física.