A data marcada para o depoimento é 19 de junho, uma segunda-feira, e será realizado de forma presencial

Foto: Bruno Spada/Agência Câmara

Na sexta-feira, 19 de maio, o juiz federal Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal de Curitiba (PR), emitiu uma determinação para que o ex-deputado federal cassado e ex-procurador da República, Deltan Dallagnol (Podemos), preste depoimento no processo envolvendo o advogado Rodrigo Tacla Duran.

O objetivo principal é investigar a extensão da proximidade entre Deltan e Walter José Mathias Junior, atual procurador da República responsável pelos casos relacionados a Tacla Duran.

Tacla Duran alega que Mathias Junior agiu com parcialidade e suspeita. Durante uma audiência, o procurador admitiu ter laços de amizade com Deltan Dallagnol.

Na decisão, o juiz Appio afirma: “Embora Rodrigo Tacla Duran faça referência direta à audiência ocorrida neste Juízo Federal, na qual o ilustre Procurador da República reconheceu ter vínculos de convivência pessoal com o ex-procurador Deltan Dallagnol, considero necessário complementar as provas já apresentadas por meio do depoimento da referida testemunha. Tal depoimento servirá para esclarecer se existe uma relação de amizade pessoal e íntima com o procurador da República mencionado”.

A data marcada para o depoimento é 19 de junho, uma segunda-feira, e será realizado de forma presencial.

A convocação de Deltan foi possível após ele perder a prerrogativa de foro e os privilégios legais associados ao seu mandato de deputado federal.

Acusação de extorsão

No dia 27 de março ocorreu o depoimento do advogado Rodrigo Tacla Duran, na 13ª Vara Federal de Curitiba, perante o juiz Eduardo Appio. Tacla Duran, que enfrenta acusações de lavagem de dinheiro relacionadas à sua antiga atuação na Odebrecht, apresentou denúncias contra o ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União Brasil), bem como contra o ex-procurador Deltan Dallagnol, alegando seu envolvimento em um caso de extorsão do qual ele foi vítima. Após o depoimento, o juiz Appio decidiu encaminhar as acusações ao Supremo Tribunal Federal (STF) e a investigação será conduzida pela Polícia Federal (PF), como apontou o jornalista Ivan Longo, na Fórum.

Conforme as declarações de Tacla Duran, no ano de 2016, o advogado Carlos Zucolotto Júnior teria exigido o pagamento de 5 milhões de dólares para viabilizar benefícios em acordos de colaboração com a Operação Lava Jato, permitindo que Duran se livrasse da prisão. Em uma conversa por meio de aplicativos de mensagens, das quais Duran alega ter capturas de tela, Zucolotto Júnior teria mencionado que Deltan Dallagnol acertaria os termos do acordo. Após aproximadamente um mês, Duran teria realizado uma transferência de 613 mil dólares para o escritório de Marlus Arns.

Marlus Arns atuava junto a Rosângela Moro (União Brasil) em casos relacionados à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e em processos ligados à chamada Máfia das Falências. Por sua vez, Zucolotto era sócio da esposa de Moro e foi padrinho de casamento do casal. Duran afirma que, após recusar participar do esquema de extorsão, sofreu ameaças de outro colaborador e acusa o Ministério Público (MP) de utilizar artifícios para impedir sua prestação de depoimentos.

Cassado pelo TSE após burlar a lei

Em uma decisão proferida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) na última terça-feira, 16 de maio, o registro da candidatura de Deltan foi cassado, resultando na perda de seu mandato de deputado federal.

O TSE concluiu que Deltan, ciente de que os 15 procedimentos administrativos em andamento no Conselho Nacional do Ministério Público poderiam resultar em um processo administrativo disciplinar (PAD) e torná-lo inelegível, antecipou sua exoneração do cargo de procurador da República, violando assim a lei em vigor.