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Por Mauro Utida

Na audiência pública que discutiu o manual do aborto legal, realizado na última terça-feira (28), a deputada federal, Sâmia Bomfim, levantou a voz para deixar claro a posição das mulheres brasileiras que estão em pânico e enojadas com o ataque do governo federal direcionado ao direito das meninas e mulheres. “Não aceitaremos caladas”, declarou ela.

O novo manual de atenção e acolhimento de mulheres vítimas de violência sexual nas unidades de saúde pública é criticado por diversas organizações de defesa das mulheres por tentar dificultar o acesso ao aborto legal. Uma minuta do manual foi vazada no começo de junho e há campanhas pedindo pela revogação do documento 

Olhando para Raphael Câmara, Secretário de Atenção Primária à Saúde e responsável por elaborar o documento, a deputada declarou que a audiência é um absurdo. Sâmia não foi convidada para a audiência, mas fez questão de estar presente, “para dizer verdades que estão entaladas na garganta das mulheres brasileiras”.

Ela acusou o governo Bolsonaro de ser conivente com diferentes formas de violência contra as mulheres, pois não prioriza o dinheiro público para enfrentamento da violência doméstica, sexual e física das mulheres. “Acontece um estupro a cada 10 minutos em nosso país, crimes que contam com conivência e autorização desse governo, que não financia políticas de enfrentamento à violência contra as mulheres, mas promove eventos misóginos como esse.”, declarou.

Sâmia afirmou estar revoltada pelo fato da audiência ser financiada com dinheiro público para promover um evento que prega a misoginia, o ódio às mulheres e meninas brasileiras. Ela lembrou, inclusive, que a juíza Joama Zimmer Ribeiro, que dificultou o aborto de uma menina de 11 anos, foi convidada para a audiência. “Aqui se promove a investigação das estupradas e não a investigação dos estupradores nesse país. Quero saber por que esse governo não gasta sua energia e o orçamento, que é público, para ir atrás dos estupradores e não das mulheres e meninas que são estupradas”, questionou a deputada.


Vitória

No mesmo dia, Sâmia Bomfim comemorou a decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) que condenou a deputada federal, Carla Zambeli (PL-DF) por danos morais ao associar Sâmia e a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) a “figuras demoníacas” e ao genocídio. 

No Twitter, Sâmia Bomfim comemorou: “Venceu a verdade contra a difamação e o ódio! A internet não é terra sem lei e os bolsonaristas terão que aceitar isso nem que seja na marra”.