Uma recente denúncia lançada pela ONG britânica Earthside aponta as gigantes da indústria têxtil, H&M e Zara, por supostos vínculos com atividades de desmatamento ilegal em larga escala no Brasil. O relatório, intitulado “Crimes da moda: gigantes europeus da moda vinculados ao algodão sujo no Brasil”, divulgado nesta quinta-feira (11), revela uma série de acusações graves, incluindo apropriação de terras, corrupção e violência nas plantações de algodão das empresas terceirizadas.

Com base em uma meticulosa análise de imagens de satélite, decisões judiciais, registros de envio de produtos e investigações confidenciais, a Earthside compilou uma série de dados alarmantes. A ONG rastreou a viagem de 816 mil toneladas de algodão originárias de duas das maiores empresas agroindustriais do Brasil, a SLC Agrícola e o Grupo Horita, localizadas no oeste do estado da Bahia.

O relatório expõe que as famílias brasileiras proprietárias das fazendas têm um histórico pesado de processos judiciais, condenações por corrupção e multas por desmatamento ilegal. Essas atividades são realizadas em uma parte do Cerrado, um bioma conhecido por sua riqueza de fauna e flora.

Fast fashion

As toneladas de algodão foram enviadas para oito fábricas têxteis na Ásia, onde abastecem as cadeias de produção das empresas de ‘fast fashion’, Zara e H&M. Curiosamente, todo o algodão estava certificado como “sustentável” pela organização sem fins lucrativos ‘Better Cotton’ (BC), segundo a Earthside.

As acusações levantadas pela ONG destacam lacunas profundas no sistema de certificação de algodão sustentável, Better Cotton. A Inditex, matriz da Zara, afirmou que está solicitando os resultados da investigação independente e tomando medidas sérias em resposta às alegações. Da mesma forma, a H&M expressou sua preocupação com as conclusões do relatório e afirmou estar monitorando de perto a investigação em andamento.

A organização Better Cotton respondeu às preocupações da Earthside, garantindo que um auditor independente foi designado para realizar verificações reforçadas. Essa denúncia surge em um momento crucial, já que em março, os Estados-Membros do Conselho Europeu aprovaram legislação que impõe às empresas da União Europeia obrigações para proteger o meio ambiente e os direitos humanos em suas cadeias de produção em escala mundial.

*Com informações da AFP