Foto: Elisa Casagrande

por Carla Castro

Na manhã desta quarta-feira, 7 de novembro, os moradores do Quilombo dos Lemos, localizado na zona sul de Porto Alegre, tiveram uma surpresa nas primeiras horas da manhã, quando foram acordados pelo efetivo da Brigada Militar. Os policiais solicitavam a saída das famílias que moram no local há 50 anos. De acordo com Sandro Lemos, líder da comunidade, a Brigada Militar chegou sem nenhum aviso prévio pedindo que fossem retirados somente os pertences pessoais. “Caso contrário, o Batalhão de Choque entraria para cumprir o mandado e comunicaram que se ficássemos alguém iria se machucar”.

Foto: Elisa Casagrande

Após momentos de tensão, inclusive do uso de uma retroescavadeira, as lideranças da Família Lemos conseguiram a suspensão da reintegração. “Agendamos uma reunião com os representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública, da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, da Brigada Militar e do Conselho Tutelar para amanhã às 9h no 1º BPM”.

A suspensão da reintegração foi devido ao não cumprimento do protocolo de reintegração de posse e de irregularidades no processo. O local é reconhecido como o sétimo quilombo urbano da capital gaúcha e abriga cerca de 60 pessoas entre crianças, mulheres, pessoas com deficiência, além de homens e mulheres. O momento da chegada dos policiais coincidiu com o horário de trabalho de muitos moradores que não estavam no quilombo. A água e a luz dos quilombolas foram desligadas. O local onde fica o Quilombo dos Lemos tem um pedido de usucapião por parte do Asilo Padre Cacique.