Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante depoimento na CPI da Covid. Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Durante depoimento à CPI da Covid nesta quinta-feira (6), o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fugiu das perguntas de senadores. Ele preferiu não responder aos questionamentos referentes à política defendida por Jair Bolsonaro e se recusou a dar respostas simples, como se concorda com o presidente sobre a prescrição de medicamentos sem eficácia comprovada.

“Estou trabalhando no ministério. Fui nomeado pelo presidente e estou trabalhando conforme as orientações técnicas dia e noite”, afirmou, ao ser perguntado se a política do ministério é a dele, como médico, baseada na ciência, ou a externada por Bolsonaro, que critica medidas de isolamento social.

A “autonomia” de Queiroga

Por parte dos senadores, ficou claro que a “autonomia” que Queiroga diz ter é bastante questionável. Durante toda a sessão de hoje o clima esteve bem elevado, com registro de diversos bate-boca.

O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL) criticou a tropa de choque do governo que tentou obstruir os trabalhos do colegiado.

“Se quiserem gritar, me avisem que eu paro”, disse Renan. “Todo o dia não dá”, disse o parlamentar após Ciro Nogueira (PP-PI) e Fernando Bezerra (MDB-PE) questionarem Renan pela forma como ele está conduzindo o depoimento.

Durante a sessão o ministro da Saúde esteve acuado e demonstrou falta de paciência, por exemplo, ao não comentar sobre declarações de Bolsonaro negando a vacinação.

“Guerra química”

O atual ministro da Saúde disse ainda desconhecer qualquer tipo de “guerra química”. Ontem, Bolsonaro insinuou que novo coronavírus teria sido criado em laboratório. Causou mal estar com a China ao sugerir que o país teria se beneficiado economicamente da pandemia.

Queiroga ainda se negou a criticar a postura negacionista de Bolsonaro no enfrentamento da pandemia. “Meu papel não é ser crítico das ações, seja do presidente da República, seja de outros integrantes do governo.”, afirmou.

Após acordo entre senadores da CPI da Covid, o depoimento do diretor-presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, marcado inicialmente para hoje, foi adiado para a próxima terça-feira.

Em virtude do início da sessão do Senado para votar projetos, a sessão foi suspensa. Segundo o presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM) os trabalhos da CPI da Covid podem voltar hoje. Ainda faltam cinco senadores para fazerem perguntas ao ministro da Saúde.