Inquérito da Polícia Civil paranaese descarta motivações políticas no assassinato do ex-tesoureiro do PT por um bolsonarista

Marcelo Arruda foi morto durante sua festa de aniversário. Foto: Reprodução

Por Mauro Utida

Assim como o questionamento dos advogados dos familiares de Marcelo Arruda, o Partido dos Trabalhadores do Paraná também criticou o inquérito da Polícia Civil paranaese que descartou motivações políticas no assassinato do ex-tesoureiro do partido, em Foz do Iguaçu, no sábado, dia 9.

Para o Partido dos Trabalhadores, o encerramento apressado das investigações desse crime bárbaro é, acima de tudo, uma ofensa à família de Marcelo, além de um prognóstico preocupante de conivência das autoridades com os futuros episódios de violência que ameaçam as eleições deste ano.

“O que ocorreu com Marcelo Arruda não pode ser naturalizado, tão pouco banalizado, sob o risco de que a democracia brasileira sofra um processo traumático e sem precedentes de ruptura. Continuaremos na luta por justiça para Marcelo e contra toda forma de violência política”, informou a sigla em nota.

O partido também mostrou preocupação com o fato de que os advogados de Marcelo não tenham tido amplo acesso as diligências e investigações desenvolvidas pela Polícia Civil. “Reiteramos que a participação dos advogados, dos envolvidos nas diligências, é fator indispensável ao bom cumprimento do direito penal, e das garantias legais que regem o estado de direito”, completa.

O presidente do PT do Paraná, Arilson Chiorato, manifestou surpresa com o resultado do inquérito apresentado pela delegada Camila Cecconelo a respeito do brutal assassinato de Marcelo Arruda e reiterou a necessidade que o inquérito seja federalizado com a participação da Justiça Eleitoral, Procuradoria Geral da República (PGR) e o Supremo Tribunal Federal (STF), “para a segurança o direito dos cidadãos manifestarem livremente suas opções políticas, sem que corram risco de serem assassinados”.

“Entendemos que as conclusões que constam no inquérito apresentado pela Polícia Civil e Secretaria de Segurança Pública, são prematuras, e que podem levar a interpretação de que o que teria ocorrido com Marcelo, seria fruto de uma briga comum sem motivações políticas, narrativa esta, contestada pelos fatos amplamente divulgados na imprensa, com imagens e depoimentos que provam a motivação política do crime”, informou Chiorato, que também é deputado estadual.

O crime

Marcelo Arruda foi morto a tiros na própria festa de aniversário, que tinha como tema o Partido dos Trabalhadores e o ex-presidente Lula pelo policial penal federal, Jorge Guaranho, que foi indiciado por homicídio duplamente qualificado.

Conforme informado no boletim de ocorrências, o policial bolsonarista que matou Marcelo chegou ao local gritando “aqui é Bolsonaro!”. O relatório da Polícia Civil alega que o atirador invadiu o local para “provocar” o aniversariante petista. O policial atirador está internado em um hospital da cidade em estado grave. Ele teve prisão preventiva decretada na segunda (11).

Alerta

Na quinta-feira (14), partidos políticos de diversas matizes, pediram para que o Tribunal Superior Eleitoral contenha a violência política no país, e que não permita mais nenhuma manifestação de ódio feita pelo Presidente da República. “Estas declarações dão mais combustível às ações violentas como presenciadas em Foz do Iguaçu”, alerta o PT.

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