Em Brasília, membros do Observatório do Conhecimento foram impedidos de entrar no prédio do Ministério da Educação; Rede de associações de docentes universitários critica os 6 primeiros meses do governo Bolsonaro em relação à educação pública

Foto: Observatório do Conhecimento

Brasília, DF, 02 de julho de 2019 – No final da manhã de hoje, uma comitiva formada por professores universitários representando o Observatório do Conhecimento foi ao MEC para entregar o troféu “Cortando o Futuro 2019”, uma escultura em forma de tesoura, ao Ministro da Educação, Abraham Weintraub. Os professores, servidores públicos federais, foram impedidos de entrar no prédio do MEC; a segurança do ministério sequer permitiu o protocolo da carta e troféu.

“O MEC fechou suas portas com cadeado, é muito simbólico. Não é possível que o MEC se sinta ameaçado por seus próprios professores. Estamos aqui para entregar uma carta e esse troféu como pressão simbólica pela revogação dos cortes orçamentário dos institutos e universidades federais de ensino. Somos professores comprometidos com a educação de qualidade, viemos dialogar mas fomos barrados em nosso próprio ministério. Essa gestão do MEC não demonstra qualquer apreço ao ensino, à universidade pública e ao futuro do país. Mais do que nunca, ele merece o troféu Cortando o Futuro”, declarou a professora Ligia Bahia, vice-presidente da ADUFRJ (UFRJ) e porta-voz do Observatório do Conhecimento.

Segundo o Observatório do Conhecimento, rede independente que reúne 14 associações de docentes de universidades públicas de diversos estados do país, o troféu “Cortando o Futuro 2019” simboliza a trágica ironia do Brasil ter um Ministro da Educação que trabalha contra sua própria pasta, apoiando a redução dos investimentos e desprezando as conquistas sociais da educação pública nas últimas décadas. Para os docentes, o Ministro Weintraub vem desrespeitando professores e estudantes desde que assumiu o cargo.

Na carta endereçada ao MEC, o Observatório afirma que os seis primeiros meses do governo Bolsonaro mostram que o ministério da educação se empenhou em promover cortes de 30% no orçamento de custeio das universidades, institutos federais e bolsas de pesquisa, além de propagar ameaças à autonomia universitária e difundir mentiras sobre a qualidade da ciência nacional. “O ministro não dialoga com professores, não atende às necessidades do setor e ainda usa chocolates e guarda-chuva em performances vazias”, conclui a professora Ligia Bahia.

Desde o início de abril, o Observatório do Conhecimento vem monitorando e expondo as decisões equivocadas do MEC. A entidade produziu o documento “Cortes, Mentiras e Ameaças: 6 meses de guerra do governo Bolsonaro contra a educação pública brasileira” que revela o profundo retrocesso promovido pelo governo Bolsonaro na área de acesso, produção e difusão do conhecimento no país.

O documento também aponta violações à autonomia universitária, princípio garantido pela Constituição Federal. “Nossa autonomia tem sido desrespeitada pelo Ministro Weintraub com apoio do Presidente Bolsonaro. Exemplos concretos são a nomeação de reitores não eleitos pelas comunidades universitárias e o decreto 9.794/2019, que permitirá ao presidente interferir na nomeação de diretores e pró-reitores, entre outros cargos. Uma universidade pública sem liberdade acadêmica, na qual professores vivem acuados e com medo de perseguição política, é uma universidade sem futuro. Por tudo isso, o governo e o ministro Weintraub merecem esse troféu”, argumenta o professor Dr. Flávio Alves da Silva, presidente da ADUFG (UFG) e porta-voz do Observatório.

Além das políticas desastrosas para a educação, o Observatório do Conhecimento ressalta que outras medidas como a Reforma da Previdência e a EC do Teto de Gastos agravam a situação dos docentes, trabalhadores, pesquisadores e estudantes que formam a comunidade universitária.

“As portas fechadas do MEC são um desrespeito aos professores e ao nosso direito constitucional à livre manifestação. Porém, não vamos desistir e entregaremos o troféu Cortando o Futuro em uma oportunidade próxima, pública, na qual o ministro não poderá nos ignorar. Reforçando o recado que tem sido dado por enormes manifestações nas ruas, como as que aconteceram nos dias 15 e 30 de maio em centenas de cidades brasileiras e nas pesquisas de opinião pública, vamos manter a pressão até que os cortes sejam revogados e as garantias de autonomia universitária sejam respeitadas”, declarou o professor Wagner Romão, presidente da ADUNICAMP (UNICAMP) e porta-voz do Observatório.

 

Foto: Observatório do Conhecimento

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