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Por Mariana Gama

O professor de geografia Wellington Divino Pereira, 39 anos, foi afastado do cargo após discordar da leitura do slogan da campanha do presidente Jair Bolsonaro e por discordar da filmagem das crianças durante a execução do hino nacional, no Colégio Estadual Militar Américo Antunes, em São Luís dos Montes Belo, no centro de Goiás.

No dia 27 de fevereiro, os alunos do colégio foram perfilados para ouvir a execução do Hino Nacional e o diretor da unidade e capitão Eduardo Alves leu a carta enviada pelo Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez. Ao final, o diretor perguntou se alguém gostaria de se manifestar e o professor de geografia pediu a palavra, e repreendeu a leitura do documento. No dia 8 de março, foi emitida uma ordem para o professor de afastamento por 60 dias até seu deslocamento para outra unidade.

Para apura o caso, a Coordenação Regional de Educação de São Luís de Monte Belo ouviu o professor e o coordenador pedagógico, produzindo um relatório. No documento o coordenador pedagógico da escola diz que o professor ‘tem dificuldades de seguir regras’.

”Alegou ainda ser um professor crítico e que hoje esse conceito se refere a professor doutrinador marxista ou esquerdista. Diante de sua fala, foi questionado quanto a sentir-se bem em trabalhar em uma escola militar, com regras e normas, onde esse perfil crítico que alega possuir é visto de forma contrária ao perfil de professor de escola militar.”

Em uma entrevista, o professor diz que estava sofrendo sanções desde o ano passado, e que era coordenador da área de humanas, mas perdeu o cargo no fim de 2018, e o clima ficou mais tenso com a direção no início de 2019. Depois do seu afastamento os alunos ficaram impedidos de fazerem abaixo-assinado em prol do professor.

‘Eu percebi que a perseguição em cima do meu trabalho aumentou. Fui chamado para prestar esclarecimentos na coordenação regional e disse que estou baseado nos conteúdos curriculares do estado de Goiás. Agora vou ser removido como se tivesse culpa do que me acusam. Fui impedido de exercer minha atividade de professor’ — diz Wellington Divino Pereira, que quer entrar com uma ação por danos morais.

Vale ressaltar que pouco após o envio da carta, o Ministério da Educação voltou atrás e retirou o slogan da campanha presidencial da carta, mas manteve a posição de cantar o hino e a gravação, agora com pedido de autorização dos pais. Ministério admitiu que foi um erro a inserção da frase da campanha. Pouco dias depois da carta enviada, secretarias de educação de diversos estados se manifestaram contrários a ordem do MEC e disseram que não acatariam orientação.